O fotógrafo Ronaldo Amboni, de Laguna (SC), trabalhou como representante comercial por muitos anos, mas sempre gostou de fotografar. Há cinco anos sua filha Nicolle, que mora nos Estados Unidos, lhe presenteou com uma máquina fotográfica, que ele precisou baixar o manual em português e estudar. Em seis meses, Amboni fotografou 60 mil fotos, sendo elas da natureza, dos botos, baleias, entre outras maravilhas.
Fotos: Ronaldo Amboni
Um dia sua esposa o questionou se não iria mais trabalhar. Então, Amboni revelou umas dessas inúmeras fotos em papel fotográfico 20x30m, imprimiu adesivo, fez um quadro e saiu para vender. A partir daí chegou aonde está, montando um ateliê dos seus trabalhos em Laguna. Amboni transformou a sua vida por meio da luz.
Ele conta que tem fotos muito especiais do local da Ponte Anita Garibaldi antes de ela existir, pois o imaginava como um dos maiores cartōes postais do Brasil. E com certeza o olhar de Amboni contribuiu para esse feito. Acompanhe a história de Amboni nessa entrevista especfial ao Portogente.
Portogente - Seu trabalho tem um olhar sobre as estruturas, você consegue dar leveza a elas. Como se dá essa relação?
Amboni - Amo fotografar coisas bonitas. Muitas pessoas me pedem para fotografar obras não feitas na cidade, acidentes etc. Mas não faço este tipo de trabalho. Meu trabalho é uma arte, quero mostrar para as pessoas a beleza da natureza, gosto de encontrar a imagem perfeita, com a qual pode ser feito um quadro e ser apreciado por muitos. Fotografia é desenhar com a luz, e encontrar a regulagem certa de acordo com o resultado desejado.
Portogente - Seu trabalho teve grande repercussão a partir das fotos da Ponte Estaiada Anita Garibaldi. Como se deu esse processo criativo, qual sua intenção com esse registro e também seus planos para o futuro?
Amboni - Começou quando o consórcio responsável pela construção da Ponte chegou em Laguna e me procurou para comprar fotos das duas pontes já existentes. Colocaram os painéis no refeitório da construção, inclusive com outras belezas de Laguna. Tenho fotos muito especiais do local da Ponte Anita Garibaldi antes de ela existir. Sempre imaginei este local da ponte como um dos maiores cartōes postais do Brasil. Registrei a evolução da ponte de vários ângulos, construí suportes para colocar minhas máquinas fotográficas. Até que um dia a triliça começou a funcionar, e os responsáveis por ela, os portugueses, souberam do meu trabalho. Nos conhecemos no ateliê e durante a conversa perguntei sobre o objetivo deles na obra. Responderam que estavam em Laguna para filmar a treliça sendo usada (um projeto de 40 horas) a pedido do fabricante. Sugeri para eles que um lugar estratégico seria necessário para a realização deste projeto e a ajudá-losa encontrar o local certo. Depois de encontrar o local no Morro Grande tive a idéia de fazer um time-lapse, que apresentei aos responsáveis pela obra. Gostaram muito do meu trabalho e falaram que tinham o interesse de comprar meu time-lapse. Apresentei um projeto e eles aceitaram. Fiz várias etapas da obra Ponte Anita Garibaldi, sendo elas de 40 horas, 60 dias, 6 meses, 10 meses, entre outras. Um dos meus time-lapses, a obra de Laguna foi premiada dentro da empreiteira Camargo Corrêa.
Portogente - Suas fotografias deram uma dimensão simbólica para a Ponte Anita Garibaldi. O que isso significa para você como profissional? Essa perspectiva dar um novo olhar para o concreto e as luzes?
Amboni - É uma honra fazer parte desta obra que com certeza será histórica. E ser reconhecido como esse artista que conseguiu transmitir cada momento da construção é com certeza umas das maiores satisfações do meu trabalho. Fico feliz por conseguir transmitir a beleza e os detalhes que muitas vezes passam despercebidas por nossos olhos.
Portogente - Observamos na sua página que você se detém sobre paisagens que incluem a intervenção humana na natureza, como embarcações, portos, estradas, ferrovias. De onde vem essa influência?
Amboni – Laguna sempre foi conhecida e lembrada pelos pontos turísticos como a Casa de Anita, Farol de Santa Marta, a Carioca, Museu de Anita Garibaldi, etc. Mas Laguna tem inúmeras belezas naturais, muitas vezes despercebidas.
Portogente – Percebemos nas suas fotografias a presença constante de elementos da natureza. Você acredita que com o teu trabalho seja possível despertar sensibilidades no humano e contribuir para a preservação ambiental?
Amboni - Amo fotografar, mas meus modelos favoritos são os botos, e hoje já tenho mais de 30 mil fotos deles, em vários ângulos, e todas são diferentes uma das outras. Essas fotos têm repercutido nas redes sociais de uma forma tão grande que Laguna nunca teve tantos documentários de televisão feitos por vários países. Sempre tenho o prazer de fazer parceria com esses repórteres e em uma das conversas eles me falaram que não entendem como em todos esses anos de pesca com o auxilio do boto nunca foram registrados momentos tão belos como consegui mostrar através das minhas lentes. Espero que a partir dessas fotos as pessoas possam ver nossa natureza com outros olhos e que cada um faça a sua parte para a preservação ambiental.