Psicólogo, professor universitário e pesquisador da USP. Mesmo com todas essas funções, Hélio Alves, aos 55 anos, ainda arruma tempo na semana para dar atenção à família e a pintura, sua mais recente paixão. Em uma exposição realizada na UniSantos, seus quadros chamaram a atenção do público que compareceu ao local por abordarem, entre outros temas, a rotina do Porto de Santos. Em entrevista ao PortoGente, Hélio conta que não sabe ao certo quantos quadros já produziu nos últimos três anos. “Eu pintava algumas telas para amigos meus, por isso hoje não sei quanto produzi. Mas valeu a pena, me divirto e sou feliz assim”.
PortoGente: Qual motivo o levou a pintar quadros sobre o Porto de Santos?
Hélio Alves: Como eu sou natural de Santos, acabei começando a pintar retratos do dia-a-dia da cidade, de alguns pontos conhecidos. Um deles, sem dúvida, é o porto. Após alguns anos, vejo que tenho um número razoável de quadros que pintei sobre o cais de Santos e vejo que é um material interessante, pois é um lado de vida da cidade que muitos se negam a enxergar.
PortoGente: Você chegou a trabalhar no Porto de Santos?
Hélio Alves: No início da década de 70, trabalhei na antiga Companhia Docas de Santos como conferente de carga e descarga em um novo sistema onde os caminhões que chegavam no porto descarregavam a mercadoria direto nas esteiras, que tinham o “trabalho” de levar as sacas para os navios, algo novo para a época. Acho que foi aí que surgiu essa relação mais estreita entre eu e o porto, que procuro mostrar nos quadros. Só saí da CDS porque, em 1973, a Secretaria Estadual de Saúde me chamou para trabalhar lá, onde eu teria um horário mais normal que no cais, em que a cada duas semanas de trabalho diurno eu tinha que fazer uma de noite.
PortoGente: Quando você pintou o primeiro quadro sobre o porto?
Hélio Alves: O primeiro quadro foi pintado em 2004, retratando um pouco da visão que a maior parte das pessoas tem sobre o porto santista, pois acabei retratando a entrada do Canal do Estuário, uma visão comum para muitos, que sintetiza em partes essa integração entre porto e cidade. É um quadro que gosto muito, que me marca bastante. Essa obra especificamente eu não vendo, faz parte do meu acervo e nutro um carinho especial por ela.
PortoGente: Recentemente você expôs seus quadros no Campus Pompéia da UniSantos. Estão previstas novas exposições para 2007?
Hélio Alves: Nessa exposição que terminou no último dia 9 de dezembro, vendi nove dos 20 quadros disponíveis, o que não é nada mal para quem começou a se aventurar pela área da pintura há cerca de dois anos. Estou animado e deveremos expor novas telas em 2007, no Campus Dom Idílio da UniSantos e na Aliança Francesa.
PortoGente: A procura por quadros com temas portuários é grande?
Hélio Alves: Sim, sem dúvida alguma. Tenho inclusive alguns pedidos e encomendas, pois este é um tema que agrada muita gente. O santista tem por costume valorizar de algumas formas o porto que abriga e a arte é um desses meios, principalmente com a técnica do impressionismo, que sempre utilizo. Além de porto, gosto de pintar também telas sobre figuras humanas que vivem em Santos, mas muitos querem os quadros portuários mesmo.
PortoGente: Por que pintar? A família sempre o incentivou?
Hélio Alves: Eu sempre pintei, mas acabei investindo mais nessa área há pouco tempo. Pinto por gostar de desempenhar essa função. Me dá prazer pintar os meus quadros, retratando a realidade da cidade onde moro. Ainda bem que tenho o apoio de minha esposa e meus dois filhos
PortoGente: Na sua opinião, a integração entre porto e cidade é a ideal em Santos?
Hélio Alves: Olha, nos últimos anos, eu vejo que o porto está fazendo mais parte da cidade, do cotidiano da sociedade. Antes, a relação era muito mais impessoal, haja vista que estão surgindo até expressões artísticas que focam o porto como tema, sintetizando o desejo de todo santista, que é falar de porto com orgulho e propriedade.