Sexta, 22 Novembro 2024

* enviada especial a Buenos Aires

 

Caminhar pelo sofisticado bairro de Puerto Madero na capital argentina é encantar-se com a modernidade e imponência das edificações. Na zona portuária, é como ir de encontro a uma paisagem única do Rio da Prata com os antigos armazéns do cais totalmente restaurados. O antigo porto da capital argentina renovado e charmoso, é um dos pontos turísticos mais visitados de Buenos Aires.

 

 

Quem hoje vista Puerto Madero, um dos mais audaciosos e bem-sucedidos projetos de renovação urbanística do mundo, não imagina que o lugar tenha começado com um grande erro, no final do século 19. Foi quando ficou clara a vocação agroexportadora da Argentina e surgiu a polêmica sobre onde deveria ser construído o porto para dar vazão aos grãos e carnes produzidos nos pampas.

 

Embora a opção mais racional fosse alargar o Canal de Riachuelo, no bairro proletário de La Boca, venceu o projeto de um rico comerciante do Centro, Eduardo Madero. Ele propôs e, graças a amigos influentes, conseguiu construir uma série de diques em frente ao centro da cidade, onde havia um lamaçal.

 

Madero ganhou bons pesos vendendo terras em torno de seu empreendimento, mas, em pouco tempo, a faraônica empreitada - de 35 milhões de pesos-ouros - se provou ineficiente e os 16 prédios das docas foram abandonados.

 

Somente um século depois, precisamente em 1989, a cidade voltou a olhar para o porto e seus prédios de estilo inglês, tentando consertar o equívoco. E dessa vez, deu certo. O projeto, de mais de 2 bilhões de dólares, transformou a zona decadente em uma convidativa orla. Os antigos armazéns de tijolos vermelhos foram totalmente restaurados e se tranformaram em escritórios, residências, academias, bares, conjuntos de cinemas e restaurantes. Puerto Madero se tornou um charmoso bairro. Seu calçadão, de frente para o rio, é muito procurado por turistas e moradores, inclusive de outros bairros da cidade. Já é um clássico em Buenos Aires almoçar em um dos inúmeros restaurantes de parrillas de frente para o dique e ali tomar uma cerveja Quilmes, tão amada pelos portenhos.

 

Até o final da década de 80, Puerto Madero era um porto degradado com a maioria dos galpões do século passado abandonada. A solução encontrada para desatolar a área foi encontrada no governo de Carlos Menem. Após investimentos públicos e privados na recuperação e reforma da área, a região tornou-se um dos pontos turísticos e de negócios mais importantes de Buenos Aires. A restauração e refuncionalização dos antigos armazéns são vistas como um dos projetos mais importantes na valorização do espaço público em uma cidade da América Latina.

 

 

 

As obras públicas de infra-estrutura como drenagem, esgotos, serviços, pavimentação do cais, equipamentos urbanos, jardins e áreas verdes foram financiadas pelo leilão dos terrenos edificáveis. No início desse processo de revitalização da área, o empresariado relutou em fazer investimentos no local. Hoje, as principais empresas preferem se instalar em Puerto Madero devido à sua localização e a um número significativo de edifícios residenciais. O metro quadrado custa em torno de três mil dólares, o que explica o alto custo de vida nesta região. 

 

Os armazéns, instalados ao longo de um quilômetro, com fachada de tijolo, foram restaurados e receberam modificações como janelas, clarabóias, telhados e terraços. Os turistas e moradores de Buenos Aires têm a garantia de uma grande concentração de restaurantes, bares, fábricas, hotéis, além de agitada vida noturna.

 

Os três últimos armazéns são ocupados pela Universidade Católica o que proporciona uma alta circulação de jovens. Namorados são muito comuns nos bancos dos decks num ambiente bucólico misturado aos bem conservados guindastes amarelos. É comum encontrarmos casais saboreando o tradicional chimarrão e desfrutando da paisagem portenha. A ponte de pedestres, El Puente de la Mujer, completa a cenografia da área.

 

Reconhecida como o novo cartão postal de Buenos Aires, a paisagem de Puerto Madero é a uma das prediletas dos milhares de turistas que a visitam. O curitibano  Jorge Ferreira, 34 anos, descreve a sensação de conhecer o local. “Os boulevares e as pontes proporcionam uma das melhores panorâmicas da capital portenha. As antigas docas transformadas em restaurantes dão um charme especial. Não há nada melhor. Depois de uma bela refeição, caminhar sem pressa pelo calçadão de Puerto Madero, abraçado àquela agradável e inesquecível companhia. Sentar-se em um dos bancos na beira dos diques para admirar a vista do rio. Um dos melhores lugares para aproveitar um romântico e belo pôr-do-sol na Paris da América do Sul”.

 

Revitalização dos armazéns do Porto de Santos

Há alguns anos, quando ainda estava na Secretaria de Planejamento de Santos, o atual prefeito da cidade, João Paulo Papa desenvolveu o Projeto Alegra Centro no qual estaria planejado, entre outras ações de revitalização do Centro Histórico, um Complexo Turístico e Cultural para toda a área do Valongo e adjacências. Por não ter mais utilidade portuária com movimentação de cargas, os armazéns de 1 a 8 poderão ser transformados em um grande centro de entretenimento, cultura e gastronomia.

 

“Eu imagino um imenso complexo cultural, de lazer e de serviços. É o único lugar capaz de abrigar uma marina em Santos, porque além de ter o espaço de águas abrigadas, tem uma retaguarda. Parte daqueles armazéns poderia ser utilizada como retaguarda de serviços para uma marina. Parte dos armazéns poderia ser utilizada na área de gastronomia e entretenimento, de lazer e de cultura como ocorre em outro portos como Puerto Madero. Também pode-se agregar a implantação de um conjunto de escritórios que poderia ser feita na antiga área ferroviária, atrás da Estação do Valongo adquirida recentemente pela Prefeitura”, explica o prefeito.

 

Com a revitalização dessa área, um novo ciclo de desenvolvimento para cidade com geração de emprego e renda poderia ser iniciado.

 

“Tudo o que eu espero para esse ano é finalizar o entendimento com a Codesp e com o Governo Federal. Não há mais nenhum entrave para que o governo libere a área para deslanchar esse projeto. Eu acredito que para esse ano se nós fecharmos esse entendimento, assinando um documento que transfira definitivamente a responsabilidade pela área para o município, nós fecharíamos o ano de 2006 com chave de ouro”, finaliza Papa.

 

De acordo com a assessoria de imprensa da estatal, o termo de cooperação entre a Prefeitura e Codesp para o uso dos armazéns está em fase final de análise pelo departamento comercial e de infra-estrutura da Autoridade Portuária. 
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