Sexta, 22 Novembro 2024

O Sindaport (Sindicato dos Empregados na Administração Portuária) completou no domingo, dia 14, 73 anos de fundação. Para marcar esta data, foi realizada nesta segunda-feira uma homenagem tradicional aos associados que completam 50 anos de sindicato. O que mais se ouviu no Auditório Waldemar Neves Guerra foram palavras de respeito a uma categoria que, hoje, conta com cerca de quatro mil pessoas em seus quadros.

 

A emoção tomou conta do local no momento em que as placas comemorativas eram distribuídas aos trabalhadores. Autoridades estiveram presentes ao evento, como o gerente de operações do Órgão Gestor de Mão-de-Obra (Ogmo), Nélson Giulio e o vereador santista e ex-presidente do Sindaport Benedito Furtado, entre outros destaques do movimento sindical.

 

Personagem

Um dos homenageados, Benedito Leite, foi guarda portuário entre 1955 a 1973. Ele disse que foi pego de surpresa, “tendo até esquecido que estava há tanto tempo no quadro associativo”. O homenageado citou que o maior problema em seu tempo de serviço era “a malandragem que tentava invadir o porto para roubar armazéns”.

 

Hoje, o Porto de Santos é completamente diferente do que era há 50 anos, para tristeza de Leite, um admirador confesso da antiga CDS (Companhia Docas de Santos). Para o ex-guarda portuário, a mudança na administração do porto – quando da mudança da CDS para Codesp em 1980 – foi ver o início da série de mudanças no quadro administrativo e operacional, que acabou trazendo tecnologia em troca do afastamento de pessoas de antigos cargos. “Eu tenho saudades dos tempos antigos. Gostava muito da ‘Mãe Docas’”.

 

A família foi um apoio que Benedito teve ao longo de sua carreira portuária. Sua esposa, Thereza Aparecida Leite, 78 anos, afirma aos risos que enquanto seu marido trabalhava, o conforto em casa era grande. O problema era a ausência do então guarda portuário junto à família. Mas hoje, reclama, “meu marido fica em casa e a gente fica sem conforto com o salário de aposentado que ele tem”. Mas entre ter o conforto ou o marido, Thereza não tem dúvidas: “Claro que prefiro meu marido!”

 

Expectativas para o futuro

Mais do que lutar pela categoria, o Sindaport – assim como outras entidades – tenta vencer outro adversário: a diminuição no número de sindicalizados. Manter aberto um sindicato se torna cada vez mais difícil, mesmo em uma cidade que já foi conhecida como a Barcelona Vermelha, devido ao poder que as bases sindicais tinham para negociar melhores condições de trabalho com os patrões.

 

“A Codesp tinha um número de empregados muito grande. Como a estatal acabou se modernizando e dispensando várias pessoas, nosso quadro associativo acabou caindo”, explicou o tesoureiro do Sindaport Valdir Pfeifer Júnior. Ele destaca que uma das medidas adotadas pela direção do sindicato foi a redução nos gastos administrativos.

 

“Tivemos também que pensar em estratégias para atrair novos membros. Por isso diminuímos em 25% o valor mensal cobrado dos aposentados (de R$ 32,00 para R$ 24,00), passamos a reembolsar o trabalhador portuário o valor pago por ele de Imposto Sindical e deixamos de cobrar a mensalidade cobrada do 13º salário de todos.”, completou Pfeifer.

 

Para o secretário geral do sindicato, Ricardo Fernandes, as privatizações da década de 90 foram um grande trunfo para os que desejavam enfraquecer as lideranças sindicais. “Cabe a nós lutar contra isso, já que independente do governo, os problemas são os mesmos e a solução está longe de ser realizada”.

 

O presidente do Sindaport, Everandy Cirino, disse que o sindicato mudou ao longo do tempo seus focos de luta, mas um princípio básico sempre foi respeitado: pensar primeiro nos interesses do trabalhador. A preocupação agora é com a regulamentação das centrais sindicais, sem contar as campanhas salariais e a questão da escala eletrônica no Porto de Santos, que ainda não foi definida. Novas reuniões entre sindicatos e Ministério Público do Trabalho (MPT) podem ser realizadas.
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