Sábado, 20 Abril 2024

Parte da história da Marinha e do Porto de Santos presente em uma só pessoa. Ao conceder entrevista para o site PortoGente, os pequenos olhos do comandante Lauro Nogueira Furtado de Mendonça mostraram o quanto ele pode, com sua experiência e vivência, tornar a vida mais fácil e simples, baseada em fatos e histórias relatadas ao longos de duas horas de depoimento.

 

Capitão de Mar-e-Guerra reformado da Marinha brasileira, o comandante de 80 anos de idade – “muito bem vividos”, segundo ele – honrou uma tradição familiar. Vestiram o uniforme branco da marinha seu bisavô, avô e pai, além de três tios.

 

Mendonça, nascido em 2 de maio de 1925, faz questão de contar uma história vivida em alto-mar pelo avô, Raimundo de Melo Furtado de Mendonça: “Meu avô participou de uma verdadeira aventura ao comandar as embarcações que navegaram até o Uruguai para buscar os corpos do comandante Barroso e de Saldanha da Gama, que tinham morrido na Revolta da Armada, por volta de 1890”, relembra orgulhoso, mostrando um livro que descrevia tal acontecimento.

 

Mas o envolvimento da família em fatos históricos não se resume ao avô. “Meu pai lutou na época da Revolução de 32, meus tios também viveram momentos importantes. Meu destino era ficar na Marinha mesmo”, conta calmamente, com a experiência de quem vivenciou dezenas de histórias.

 

O casamento do comandante Mendonça foi afetado diretamente pela carreira militar. A cerimônia ocorreu em 18 de junho de 1948, e três meses depois – 4 de setembro – ele partiu em uma missão da Marinha pela costa brasileira. Somente dez meses depois o comandante deu notícias para a família. “Minha esposa sabia que eu poderia ir para uma missão que não tinha data certa para iniciar. Quando eu passei um dia sem dar sinal de vida, ela percebeu que eu tinha viajado. Paciência, mas cumpri meu dever que era servir a pátria”, explica aos risos.

 

Para o comandante, o serviço em alto-mar era, além de uma obrigação, um prazer. Ele conta que gostava muito de viajar, tanto que sua esposa teve que fechar uma escola que tinha no Rio de Janeiro para poder acompanhá-lo na mudança que ocorreu anos depois para a cidade de Santos. “Era o único jeito que tínhamos para que pudéssemos viver juntos. Ainda bem que ela aceitou”, sorri.

 

Mendonça faz questão de destacar a época em que o Brasil enfrentou a ameaça de navios alemães, durante a 2ª Guerra Mundial, antes mesmo de seu casamento. O presidente Getúlio Vargas tinha instalado no Brasil uma ditadura populista, próxima ao aplicado em países europeus, com censura à imprensa e aos comunistas, aproximando-se do modelo utilizado pelos ditadores Hitler, Mussolini e Franco.

 

Mas as circunstâncias levaram o Brasil a se tornar aliado dos Estados Unidos, passando a lutar pela vitória da Tríplice Aliança. “Nosso litoral foi cercado por dezenas de submarinos alemães. Nunca participei de uma batalha, mas corri risco ao patrulhar a costa brasileira”, conta para em seguida provar com números a gravidade da situação: “Nós perdemos 36 navios durante a guerra, mas tivemos o mérito de afundar 13 submarinos alemães”.

 

Sobre a atual situação da Marinha do Brasil, Mendonça mostra resignação. Ele afirma que pouco pode ser feito no estágio em que se encontra a divisão, sem dinheiro e sem nenhuma evolução real nos últimos anos. “Mas acho que a pior fase já passou. O Governo Federal criará uma nova base na Amazônia, provando o quanto se preocupa com nossas matas e, também, reanimando nossa Marinha”.

 

Chama atenção um fato vivido pelo comandante, digno de várias risadas. “Sempre digo que o mau tempo é um fator complicadíssimo para um marinheiro. Numa certa oportunidade, eu estava fazendo uma viagem do Rio de Janeiro para a Europa à bordo de um navio-transporte. De repente, enfrentamos um violento temporal, e até hoje eu me lembro do piano do navio, que com as ondas acabou ‘dançando’ de um lado para outro no salão, batendo e quebrando vários objetos”.

 

O tempo passou e na Revolução de 1964 o comandante Mendonça também atuou, prendendo opositores logo após o golpe de 31 de março. Ele ressalta que tinha muitos amigos comunistas, do chamado ‘partidão’, mas que seu dever era deter quem fosse perigoso aos olhos do governo, embora convivesse tranqüilamente com comunistas e reacionários ao modelo social vigente.

 

O Porto de Santos surge na vida de Mendonça a partir da década de 70, como uma série de ondas que se encarregaram de unir estes dois pólos em uma só história, que o leitor poderá acompanhar na segunda parte da reportagem especial com o comandante Lauro Nogueira Furtado de Mendonça, na semana que vem.

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