Sexta, 26 Abril 2024

O jornalista José Carlos Silvares,52, casado, pai de cinco filhas, tem dedicado toda a sua carreira à navegação marítima e aos assuntos portuários. Tornou-se um especialista nessa área, além de possuir um acervo de antigos cartões-postais de navios que visitaram o porto de Santos.

 


O primeiro contato de Silvares com o porto, deu-se ainda na infância, quando em uma viagem de navio para Portugal com a família, ganhou um cartão-postal de brinde. A imagem do navio despertou seu interesse pelas embarcações que atracaram no porto ou que navegaram pelo exterior.

 

Em 1972, Silvares, então estudante de jornalismo, conseguiu estágio no extinto Jornal Cidade de Santos e, mais uma vez, o destino conspirou para que ele retornasse ao ambiente portuário. “Eu tive o privilégio de fazer um estágio remunerado e já comecei na área de porto”. Nos anos 70, o estágio de jornalismo era permitido por lei.

 

“Ninguém gostava de fazer essa área, mas eu gostava de entrar nos navios, almoçar e jantar a bordo, principalmente, quando vinham os transatlânticos cheios de turistas”, relembra, Silvares. Conta que, às vezes, após o expediente do jornal, ao contrário de ir para casa, retornava aos navios de passageiros. Para aprimorar-se, começou a estudar sobre navegação marítima.

 

O desinteresse de outros jornalistas pelo setor portuário e, conseqüentemente, a inexistência de colegas especializados no ramo, rendeu a Silvares um convite para trabalhar no Jornal A Tribuna de Santos, na editoria de Porto, em 1974. Silvares se formaria somente no ano seguinte e foi contratado pelo dobro do salário que recebia no Cidade de Santos, para substituir o jornalista que deixara o cargo, na editoria de porto.   

     

Silvares trabalhou no Jornal A Tribuna durante 27 anos. Quando ingressou, o jornal reservava aos assuntos portuários, apenas uma página diária. Então, Silvares incrementou a editoria, criando posteriormente o caderno do porto. “Chegamos a ter quatro pessoas trabalhando na editoria de porto. A gente fazia um caderno semanal de até 12 páginas, no mínimo, oito. Tínhamos correspondente no Rio de Janeiro e colunistas. Nada comparado ao que se tem hoje. O caderno era um sucesso!”.  

 

Silvares foi editor do caderno do porto e depois abraçou outros cargos naquele jornal. Atuou como subchefe de reportagem, chefe, editor-chefe, porém confessa “acabei largando essa área, mas ela continua sempre no meu coração”. Versátil, atuou também como fotógrafo, o que lhe rendeu um grande acervo de fotos de reportagens diversas e como chargista.

 

Revela que aproveitava suas férias para conhecer outros portos do país e do exterior, tamanha a sua dedicação e gosto pela área. Ao retornar, trazia cargas de conhecimento que importava dos 70 portos que visitou. Silvares é o profissional que fez do dever, um prazer.

 

Em 2000, deixou o jornal e montou sua própria empresa, a Z Consultoria de Comunicação. Entre seus clientes estão o SOPESP e a Fundação Lusíada e está assumindo também a assessoria de imprensa do CAP – Conselho da Autoridade Portuária.

 

Silvares é um diletante colecionador de cartões-postais de navios antigos. Possui um acervo de 400 cartões somente de embarcações que passaram pelo porto de Santos e mais 200 de imagens do porto. Além de adquirir raridades do começo do século 20, em leilões no exterior, pelos países que visitou como Portugal, Espanha, Itália e França, Alemanha, Holanda, Bélgica entre outros, pesquisa e monta um histórico dos navios.

 

Recentemente criou uma página na internet onde podem ser vistas reproduções de algumas dessas relíquias e suas histórias. Mensagens postadas em cartões que resistiram ao tempo e tornam viva a lembrança de antepassados. 
 

O exímio jornalista também é poeta e escritor. Pretende publicar três livros. Um já está pronto e os outros dois estão em fase de produção. Um é sobre o naufrágio do Príncipe de Asturias, considerado o maior desastre marítimo da costa brasileira, ocorrido em 1916, segundo Silvares. Outro é sobre o caso que ficou conhecido em Santos como o “crime da mala”. O assassinato de Maria Mercedes Féa, cometido pelo próprio marido da vítima, em 1928. O corpo seria despachado dentro de uma mala num navio francês. Por conta de seu conhecimento a respeito do caso e por reunir uma série de documentos jornalísticos, participará da edição especial sobre o sinistro, do programa Linha Direta, da Rede Globo, que deverá ir ao ar, em meados de abril. Em 1978, Silvares publicou matérias no Jornal A Tribuna, relativas aos 50 anos da morte de Maria Féa.

 

Já o terceiro é sobre o café e sua importância econômica para Santos. O livro reunirá além da história, reproduções dos cartões-postais das coleções de Silvares e de seu amigo Laire José Giraud, também colecionador, que retratam a época áurea da exportação do produto. O livro já está pronto, tem patrocinador e deve ser o primeiro a ser publicado.

 

Os planos de Silvares não param por aí. Ele pretende fazer um mestrado sobre os cartões-postais como um tipo de mídia que considera pouco explorada. De acordo com ele, o cartão-postal com fotografia passou a circular por volta de 1890, tornando-se um meio de informação bastante importante. A circulação dos cartões era muito freqüente nos navios, principalmente, nos que transportavam imigrantes. Quando os imigrantes vinham para o Brasil, enviavam postais aos seus parentes, pois era a única forma de conseguirem mandar informações. Os cartões geralmente tinham imagens dos navios onde estavam embarcados ou de Santos. Esses últimos eram adquiridos pelos imigrantes quando chegavam à cidade.

 

Segundo Silvares, os cartões são facilmente encontrados na Europa, mas não no Brasil. Hoje pertencem a colecionadores ou descendentes desses imigrantes. Para ele, uma mídia que sobrevive ao tempo e a evolução dos meios de comunicação.  

 

Com um toque de humor, perguntado sobre onde nasceu, Silvares brinca: “nasci no porto de Santos”. Menciona o fato curioso das correspondências que enviava a um amigo que morava na Suíça, nos anos 80. No cabeçalho, escrevia: “Porto de Santos, 25 de janeiro de 1980” e o amigo fazia o mesmo.

 

Aqui uma pequena mostra da coleção de Silvares, gentilmente cedida ao Portogente:

 

Príncipe de Asturias

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O meu navio favorito, personagem do maior desastre marítimo do litoral brasileiro de todos os tempos, ocorrido em Ilhabela, no dia 5 de março de 1916 e envolto em mistérios. Oficialmente morreram 445 pessoas (353 passageiros e 92 tripulantes) e salvaram-se 137. Mas, de acordo com novas pesquisas, o total de mortos pode ser bem maior, especialmente de jovens refugiados italianos.

 

Vera Cruz

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O navio do meu coração. Fiz nele duas viagens entre Brasil e Portugal, com meus pais. Marcou toda minha infância e também a lembrança dos portugueses que moram em Santos. É um dos belos navios clássicos. Foi o primeiro cartão-postal da imensa coleção de meu particular amigo Laire José Giraud. E da minha também. O navio pertenceu à Companhia Colonial de Navegação, de Lisboa.

Titanic

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Este cartão postal original do Titanic é o mais raro da minha coleção. É um cartão "comemorativo" do naufrágio, que ocorreu no dia 14 de abril de 1912, relatando em legenda na foto, em francês, que o choque do navio com um bloco de gelo na rota entre Southampton e Nova York matou 1.800 pessoas. A data na legenda (16 de abril) está incorreta e os mortos foram 1.522. O curioso é que o cartão foi postado no dia 24 de abril de 1912, ou seja, 10 dias depois do acidente. No verso há mensagem manuscrita postada em Bordeaux, com a data acima. A imagem é um desenho bico-de-pena do navio, assinado por E.L.D.



 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Mensagem, em francês, escrita no verso do cartão que foi postado 10 dias após o naufrágio do Titanic.

 

Cartão postal do Porto de Santos datado de 28/11/1904

 

 

 

 

 

 

 

 

Outros postais podem ser vistos na página pessoal do jornalista "Navios do Silvares", clique aqui.

 

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