Por Emanuel Cancella*
Quem diria que o nosso feijão e mandioca de cada dia, além de encher nossa barriga, puxariam o PIB para cima. Com um peso de 38% no Valor Bruto da Produção (VBP), o IBGE, em 2006, apontou a agricultura familiar como responsável por mais da metade dos alimentos que habitam a mesa dos brasileiros.
O peso do feijão e da mandioca no PIB do terceiro trimestre só veio abrilhantar o que nós já sabíamos. Mas quem diria nosso feijão, mandioca e demais alimentos produzidos pela agricultura familiar incomodam a senadora Kátia Abreu e presidenta da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) que encomendou um estudo a Fundação Getúlio Vargas (FGV) para contestar os números do Censo Agropecuário de 2006 do IBGE.
Para isso dona Kátia contratou seis pesquisadores do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), braços mais do que suficientes para a carga. Usando os mesmos dados censitários do Instituto, a Fundação adotou outras premissas e concluiu por uma representatividade menor do que a divulgada. Exatamente a tese que dona Kátia queria provar.
O desempenho da mandioca e do feijão no PIB do terceiro trimestre derruba os estudos encomendados pela senadora do DEM e reforçam a presença da agricultura familiar em nossa economia.
Esses números reforçam a importância da realização da reforma agrária. Imaginem quais seriam o resultado se tivéssemos mais famílias assentadas e produzindo no campo? E esses resultados apontam a distorção no financiamento pelo governo da agropecuária onde o agronegócio monoculturista e voltado para exportação recebe infinitamente mais recursos públicos que a agricultura familiar.
* Emanuel Cancella é diretor do Sindipetro-RJ.