Sábado, 23 Novembro 2024

Por Aluizio Rezende

 

No dia 8 último, por volta de 16h. Um ônibus pegou fogo no interior do Túnel da Covanca, na Linha Amarela, desencadeando um completo caos no trânsito do Rio de Janeiro. A partir do fechamento da via expressa nos dois sentidos, isto é, na direção do Aeroporto do Galeão e na da Barra da Tijuca.

 

Os engarrafamentos se fizeram sentir até na Zona Sul (Lagoa, Copacabana, São Conrado). O tráfego na Praça da Bandeira e na Av. Radial Oeste, normalmente problemático a essa hora, tornou-se mais moroso ainda. Também nos dois sentidos, ou seja, na direção do Centro e na da Tijuca.

 

A ocorrência nos colocou diante das seguintes constatações:

 

1ª) o morador da Barra da Tijuca vive num bairro ilhado no Rio, em função dos congestionamentos rotineiros em todos os acessos ao bairro nos horários de rush (a chamada rush hour), para quem vem do Centro, da Zona Norte ou da Zona Sul. São eles: por Madureira-Praça Seca, de onde se pode alcançar a Barra pela Taquara ou Freguesia; pela Grajaú-Jacarepaguá; pela própria Linha Amarela; pelo Alto da Boa Vista; e por São Conrado;

 

2ª) apenas o incêndio de um ônibus na Linha Amarela, acarretando o fechamento da via nos dois sentidos, é suficiente para paralisar toda a cidade. Fato que pode comprometer a segurança da metrópole, diante da possibilidade de ocorrência de assaltos, arrastões, atentados, atos de vandalismo ou quaisquer outros procedimentos criminosos. Um prato cheio para os responsáveis pelo crime organizado. Por outro lado, o fato serve também para ressaltar a importância da Linha Amarela no trânsito da cidade, uma via pedagiada que deve render milhões por dia aos que detém a concessão da sua exploração; e         

 

3ª) fica evidente que a solução para o caótico problema do trânsito no Rio, eminentemente rodoviário, passa pela criação de alternativas que levem o cidadão a deixar o seu carro em casa. Não é preciso ser engenheiro do ramo ou ter PhD em transportes para essa verificação. Como é então que nossas autoridades ainda não perceberam isso? Como é que não perceberam que a velocidade de fabricação de veículos automotores supera em larga escala a velocidade de alteração de PAs (projetos de alinhamentos), de construção de pontes, viadutos, elevados, linha isso, linha aquilo?

 

Nesse sentido o BRT (Bus Rapid Transit), ligando a Barra da Tijuca (ela mais uma vez) ao Aeroporto do Galeão, também se afigura como uma incógnita. Porque em algum momento haverá uma interferência entre o seu trajeto expresso e o tráfego normal dos veículos, configurando-se aí a retenção.

 

Concluímos então que só a Nossa Senhora dos Transportes poderá nos ajudar. Mas ela precisará ainda ser canonizada.

 

(*) Aluizio Rezende é ferroviarista e engenheiro

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