Segundo Chaves, há um lobby entre empresas portuárias que querem executar suas próprias contratações. "Essas empresas não querem ser fiscalizadas pelo Estado, mas fiscalizarem-se". Denuncia que a própria Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) tem a intenção de terceirizar a Guarda Portuária, há muito tempo. Chaves aponta que uma das manobras para a contratação de terceiros foi a união da Guarda Portuária com a Vigilância Patrimonial, estabelecida pela Codesp. Frisa que a Lei 8.630/93 aponta claramente que ambas são categorias distintas. A Guarda tem a função de fiscalizar atividades, cargas e pessoas que circulam em área de cais, enquanto a cabe aos vigilantes a segurança da área onde estão atuando. Em 1988, quando houve uma alteração na Constituição Federal, a Guarda ficou com carga horária incompatível. Então, para se adequar à legislação vigente, categoria, sindicato e empresas chegaram ao consenso de que a solução seria a criação da quinta turma. O pessoal que preencheria o quadro seria admitido por meio de concurso público, conforme acordo assinado e registrado na Delegacia Regional do Trabalho. "No entanto isso não aconteceu. A quinta turma foi montada com os guardas das quatro turmas existente sobrecarregando o pessoal com jornadas duplas de trabalho. É assim até hoje". Revela que em 1994, "um comandante da Guarda encaminhou um documento para Brasília, solicitando a substituição da denominação Guarda Portuária por níveis estritamente patrimoniais. Só com isso, a gente já visualiza o foco da terceirização". Declara que, na época, o Sindaport apresentou uma defesa ao Ministério dos Transportes e Serviços em prol da categoria, porém, enviou proposta requerendo a Força Supletiva da Guarda, cinco dias depois. Ao seu ver, outro indício. Lembra que no ano de 1998, ocorreu a alteração da lei previdenciária, o que levou o Sindaport a incentivar o desligamento voluntário dos guardas portuários. "O pessoal que saiu, para compensar a perda de ganho, teve que retornar ao mercado de trabalho. Para isso, fundaram uma cooperativa". Recentemente, a Codesp anunciou a realização de concurso público para preenchimento de 271 vagas na corporação, porém há rumores de que a terceirização não está descartada devido ao prazo para a implantação do ISPS CODE que passa a vigorar no dia 1º de julho. O edital do concurso será lançado no final de junho. "A corporação não vai conseguir contratar e qualificar os futuros guardas portuários em tempo hábil. Acreditamos que haja nesse período uma terceirização temporária". O que Chaves classifica como irregular, uma vez que o pessoal terceirizado não está qualificado para exercer a função de guarda portuário. "Não aceitamos a terceirização. Temos gente para guarnecer o porto e se for necessário, dormiremos no cais". Chaves declara que os guardas não deixarão o cais desprovido da fiscalização e segurança com o rigor exigido pela Lei contra o Bioterrorismo. "A Guarda Portuária é uma atividade fim da Autoridade Portuária. Tem que ser provida e mantida por meio de concurso público. Os serviços da guarda jamais devem ser terceirizados. Não cabe a uma firma privada executar uma função pública". |
ISPS CODE pode favorecer segurança terceirizada no Porto de Santos
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