A “calmaria” que se vê no horizonte portuário brasileiro para alguns pode ser normal; mas para quem é do setor e já suou a camisa na beira do cais, tanta água parada é motivo de preocupação. Por isso, Luiz Fernando Barbosa Santos, membro do Conselho de Autoridade Portuária do Espírito Santo (CAP), trabalhador portuário avulso conferente e que participou da discussão da Lei nº 8.630, na década de 1990, pergunta se o setor portuário do País estará competitivo ou ultrapassado nos próximos anos. Em entrevista ao Portogente, Santos é taxativo ao dizer que é “hora de investir”.
Foto: Antonio Dettmann
“Mais que falar da crise é falar o que tem que se investir no pós-crise. Investir no porto de águas profundas, para contêineres, é a melhor alternativa para o estado [do Espírito Santo]”. Santos diz que a demanda de contêiner é grande no Brasil e citou o Porto de Itapoá, em Santa Catarina, que nos seus primeiros 45 dias de funcionamento movimentou 12 mil contêineres. “Valor bastante expressivo. Todos [as empresas] estão querendo portos ágeis para não ficar esperando. Quanto mais o porto for competitivo melhor sua inserção no sistema logístico brasileiro”.
Ele criticou as diversas indicações de localização do porto de águas profundas no Espírito Santo. “Não é o momento de apontar esse ou aquele lugar. O projeto do porto de águas profundas em Ponta de Tubarão, em Vitória, está nas mãos do Governo Federal e já conta com verba do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]”.
Morosidade capixaba
A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) liberou 500 milhões de reais para a ampliação e modernização dos portos públicos e, segundo o portuário capixaba, os concorrentes aproveitaram inércia do governo do estado do Espírito Santo e saíram na frente. “O Governo do Estado não adota ações políticas com o Governo Federal no sentido de acelerar o processo de investimentos nos portos públicos do Espírito Santo. Falta de iniciativa decisória”.