Imagine manobrar um navio com capacidade para 400 mil toneladas onde a profundidade é pequena e os obstáculos são inúmeros? Essa será a missão dos práticos no Espírito Santo a partir de 2012. É que o supergraneleiro Vale Brasil e outros similares da classe Valemax, vão começar a atracar no Porto de Tubarão, em Vitória.
Preocupações com a segurança da navegação e do meio ambiente levaram alguns práticos capixabas e o capitão dos Portos do Espírito Santo a se deslocarem para São Luís, no Maranhão, para participarem das primeiras manobras do Vale Brasil, noticiado em primeira mão pelo Portogente.
Luiz Felipe Schmidt, prático capixaba, disse que a precaução com a manobra é acentuada, pois a localização do Porto de Tubarão não é como a do Terminal Portuário de Ponta da Madeira, em São Luís, onde o primeiro navio, de uma série de 35 comprados pela mineradora, começou a operar. “As manobras em São Luís oferecem mais espaço e profundidade”.
A dragagem de aprofundamento no Porto de Tubarão está em execução. Hoje a região das manobras conta com 22,5 metros de profundidade e precisa chegar a pelo menos 26 metros. Mesmo com esse aumento, Tubarão estará longe das condições atuais do TPPM de 40 metros abaixo da superfície do mar. Segundo Schmidt a pequena lâmina d’água abaixo da quilha do navio reduz sua controlabilidade e dificulta as manobras.
A atracação no TPPM, realizada há poucos dias, durou quase seis horas. Lá, a dificuldade de destaque é em função das marés que sobem e descem aceleradamente e com grandes amplitudes, as maiores do Brasil. No Espírito Santo os problemas são, além da menor profundidade abaixo da quilha, os fortes ventos e as ondas da região. Segundo a Praticagem Espírito Santo, a desatracação dos navios irá requerer atenção redobrada já que para seguir para alto mar, o navio tem de fazer uma acentuada guinada (curva), logo após deixar o berço do Porto.
O prático Ernesto Conti, que foi a São Luiz acompanhar a manobra do Vale Brasil, disse que frente ao gigantismo do navio é oportuno dotar a área de operação de praticagem de um doppler como ferramenta de apoio à manobra. O uso desse aparelho, que informa as velocidades de aproximação frontal e lateral da embarcação, em relação ao berço de atracação, conjugado com o emprego da Unidade Portátil de Praticagem (PPU – Portable Pilot Unit), que levamos, muito contribuiria para melhorar as condições de segurança da manobra. No Maranhão foram utilizados cinco rebocadores. No Espírito Santo a previsão é de que esse quantitativo aumente.
O Vale Brasil pesa, sem mercadoria, 46.400 mil toneladas e tem capacidade para 400 mil toneladas. No TPPM foram embarcadas 391 mil toneladas. O navio pode ser comparado a um prédio de oito andares.
* Veja a seguir animação sobre a desatracagem de supergraneleiro, o vídeo foi cedido pela Praticagem do Espírito Santo: