Com cerca de nove mil quilômetros de costa e privilegiada rede hidroviária, o Brasil encara a frustração de não conseguir desenvolver o transporte de cabotagem e equilibrar a matriz nacional de transportes.
Tarifas altas e infraestrutura inadequada estão entre os principais entraves apontados por especialistas para o desenvolvimento da cabotagem em águas brasileiras. Diante do desafio que o País tem pela frente, PortoGente lança nesta semana “Cabotagem: problemas e soluções”, uma série de reportagens sobre o tema.
O colunista do PortoGente, Sílvio dos Santos, tem extenso currículo de serviços prestados no setor e considera que o custo do combustível é um dos principais obstáculos para o desenvolvimento da cabotagem no Brasil. Ele destaca que os valores cobrados na cabotagem não são equalizados ao preço cobrado na navegação de longo curso.
Portos brasileiros de menor porte podem ser readequados para
abrigar operações exclusivas do transporte de cabotagem
Dos Santos considera que a matriz nacional de transportes é bastante distorcida. Segundo ele, a maior parte dos acessos portuários é inadequada e a limitação da frota para a cabotagem é visível, já que a construção de embarcações é dificultada pelos altos custos dos estaleiros nacionais, que não recebem incentivos tributários para aumentar a capacidade operacional.
O assessor técnico da Prefeitura de Vitória e representante dos trabalhadores no Conselho de Autoridade Portuária (CAP) do Espírito Santo, Luiz Fernando Barbosa, defende que o transporte de cabotagem precisa ser visto de forma expandida, com a criação de uma autovia marítima, que poderia diminuir custos e reduzir o impacto ambiental.
O incentivo à utilização da cabotagem, explica Barbosa, seria uma enorme contribuição à política brasileira da mudança do clima. Ele ainda opina que os portos brasileiros de pequena profundidade ou com dificuldade de acesso aquaviário deveriam ser utilizados exclusivamente para a cabotagem.
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