Sábado, 23 Novembro 2024

O setor portuário nacional pode sofrer um estrangulamento nos próximos três anos, caso não sejam feitos fortes investimentos na infraestrutura portuária. O alerta é do coordenador de Infraestrutura Econômica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Carlos Campos, que conversou com o PortoGente sobre o estudo “Portos Brasileiros: Diagnóstico, Políticas e Perspectivas”.

 

PortoGente – O que o estudo do Ipea apresenta de mais importante para os portos?

Carlos Campos – O mais importante é que o setor portuário brasileiro carece urgentemente de investimento. O mapeamento do Ipea de obras portuárias identificou quais são as demandas e os gargalos do setor. E chegamos a um valor próximo de 45 bilhões de reais como necessidade de investimento. O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) responde por 9,8 bilhões de reais, ou seja, responde por 23% desses gargalos identificados, isso se as obras do PAC estivessem sendo executadas de acordo com o cronograma físico previsto. Sabemos que todas as obras estão extremamente atrasadas. O que nos preocupa é que, com a economia crescendo acima de 5% e uma retomada do comércio internacional, os portos estão trabalhando no limite da sua capacidade; e se não houver um investimento que permita ter um fluxo maior nesse comércio internacional, a gente entende que dentro de algum tempo, talvez três anos, vamos ter um estrangulamento por via do setor portuário.

 

PortoGente – O ministro dos Portos, Pedro Brito, disse que o investimento nos portos foi suficiente.

Carlos Campos – Isso não corresponde aos resultados dos nossos estudos. Isso não corresponde à visão que tem o próprio empresariado que mexe com o comércio internacional. A gente reconhece que para um País que ficou 25 anos sem fazer investimento em infraestrutura, a retomada do planejamento e a implantação do PAC representam um avanço muito grande, porém insuficiente. Identificamos que só não tivemos um estrangulamento no setor portuário por conta dos investimentos privados dos terminais portuários, mas em equipamentos que dão ganho de eficiência e de escala.

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