Sábado, 23 Novembro 2024

Na primeira parte da entrevista exclusiva que Portogente publicou na última semana, o diretor de Planejamento da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), Renato Ferreira Barco, indicou que sua principal tarefa na nova função criada pela Secretaria Especial de Portos (SEP) será fomentar um projeto de longo prazo para a expansão e desenvolvimento do Porto de Santos. Neta segunda parte, ele aborda a dragagem de aprofundamento do porto santista, os benefícios de propiciar que duas embarcações naveguem simultaneamente no canal do estuário e o privilégio de trabalhar na cidade em que nasceu e que ama, privilégio que boa parte dos jovens que se formam em Santos não tem.

O planejamento para o futuro da movimentação de cargas no porto santista, explica Barco, precisa ser elaborado já pensando que o canal de acesso ao cais poderá comportar, em um futuro próximo, duas embarcações navegando simultaneamente. “Isso obriga a fazer um realinhamento e um redimensionamento de como os nossos terminais vão estar preparados todo o novo volume de carga que se espera”.

O diretor de Planejamento destaca, ainda, que com o alargamento do canal para 220 metros, o tempo de espera para a atracação dos navios ou para a saída dos mesmos após o término do serviço seja sensivelmente reduzido. Esse entrave é classificado pelos empresários do setor como “tempos mortos” e já foi abordado pelo editorial de Portogente. Calcula-se que esse problema compromete em cerca de 25% a capacidade total operacional do Porto.

“Quando um navio conclui sua operação, ele pode precisar aguardar, por exemplo, uma maré alta porque a profundidade do canal de acesso está praticamente no limite. Por questão de segurança da navegação, um navio precisa aguardar maior profundidade. Com a dragagem, a embarcação deixaria de perder esse tempo e o fator maré seria menos incisivo. Outro beneficio, com a possibilidade da navegação de dois navios no canal, é propiciar que no berço liberado pelo navio que está saindo, já tenha outro praticamente entrando, concomitantemente. Haverá um ganho muito forte com essa otimização”.

Ressaltando que sua função será de “deixar um legado, um projeto para o futuro para que a empresa tenha um rumo para onde crescer”, Barco afirma que ainda não pode projetar como será o futuro do setor após a aplicação do novo marco regulatório preparado pelo governo federal. Ele se limita a declarar que o governo fará normas justas. “Disso tenho certeza. Terá coerência, uma linha de conduta”. O desafio, como ele próprio afirma, é bastante complexo.


A navegação das embarcações no canal do estuário santista
é fundamental para o planejamento das operações portuárias

E para facilitar o serviço de planejar o futuro do porto santista, a Codesp poderá contar com larga experiência de Barco. Oriundo de uma família na qual o pai era despachante aduaneiro e o avô trabalhava com navegação, o diretor da estatal trabalhou a vida toda com o segmento. Suas primeiras atividades na então Companhia Docas de Santos (CDS) foram no corredor de exportação e, segundo ele, coincidentemente, no antigo Centro de Planejamento e Controle das operações, na divisão de tráfego. Por lá, atuou durante cinco anos e espera que a vivência de planejar seja útil na sua nova missão.

Outra importante área para o desenvolvimento do Porto de Santos, e na qual Barco conta com relevante experiência, é a de contêineres. Ele foi um dos responsáveis por implantar o primeiro terminal de contêineres do cais santista, na margem esquerda do Porto. Para isso, passou dois meses na Europa, no final dos anos 70, para acumular intercâmbio com os países mais avançados nesse setor. Até 1997, quando o Terminal de Contêineres foi privatizado, Barco participou de toda a evolução do empreendimento, o que lhe valeu um convite para se transferir para a Santos Brasil, onde trabalhou até o ano 2000.

De volta a um cargo público, Barco garante que se sentiu “muito honrado” com a maneira como foi recebido de volta à Codesp. “Vivi minha vida inteira aqui e fiz vários amigos. Apesar de ter passado onze anos fora, nunca deixei de ter contato com os velhos amigos. Meu retorno foi o melhor possível, pois fui recebido com enorme carinho por todo mundo”. Segundo ele, os serviços que executou para a iniciativa privada podem ser benéficos na gestão da Codesp. “Quando você vê a empresa de fora, começa a enxergar de outro modo. Você vê a dificuldade dos dois lados dessa relação que é de difícil entendimento”.

Barco lembra que é um privilégio trabalhar na cidade em que nasceu e que ama. Entretanto, isso não é comum para boa parte dos jovens que se forma na região e precisa procurar trabalho em outros locais. “Nem todos têm essa oportunidade mesmo. Todo santista é muito orgulhoso de sua cidade e seria importante que pudesse atuar aqui. Tudo me encanta na Cidade. Sou santista de todos os costados possíveis, sou nascido aqui, minha família é toda daqui. Sou apaixonado por tudo, inclusive pelo Santos [Futebol Clube]”.

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