Sexta, 19 Abril 2024

Embora a subdelegada da Delegacia Regional de Trabalho (DRT) de Santos, Rosângela Mendes Silva, tenha dito a este PortoGente que as investigações das mortes de cinco dos seis portuários em 2007 já foram concluídas, as famílias ainda sofrem com a demora para a finalização do laudo e do inquérito policial. Os resultados do exame toxicológico do estivador Rubens da Silva Ruas, que morreu em 1º de junho dentro de um porão de enxofre, ainda se arrastam, confirma sua família. O exame está a cargo do Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo.

 

D acordo com a filha Tatiana de Souza Ruas, de 29 anos, a falta de uma definição após um ano do ocorrido impede que a família possa receber o seguro de vida do Banco Safra, feito coletivamente pelo sindicato da categoria. Ela lembra que na época da morte do pai, responsáveis pelo Terminal Marítimo de Guarujá (Termag) – local da morte – e outros órgãos de fiscalização foram como “urubus” em cima dela, tentando alegar que o óbito ocorreu por causa de problemas crônicos de coração de Ruas.

 

“Ele estava com os exames em dia, senão o Ogmo nem o deixaria trabalhar. Ele tinha uma boa saúde. O corpo dele realmente ficou muito tempo caído na água do porão, tanto que os objetos que estavam com ele, como o rádio Nextel, foram encontrados corroídos. Ninguém estava lá acompanhando e viu o que aconteceu”. O médico legista, relata Tatiana, assegurou, à época, que o coração de Rubens estava “inteiro”. “O único fato, devido ao local do acidente, é que estava repleto de água”.

 

Segundo relatos da ocasião, o Termag, descumprindo o acordo coletivo de trabalho firmado em 20 de dezembro de 2006 com o Sindicato dos Estivadores da região, solicitou para aquela operação somente um terno composto por um contramestre geral, um contramestre de porão, dois sinaleiros e quatro trabalhadores, além de três máquinas pá-carregadeira. No momento em que o estivador teria se sentido mal com o gás do enxofre, ele se encontrava sozinho no porão, sem a presença do portoló (sinaleiro).

 

No momento, a família de Ruas – quatro filhos e uma esposa - garante que não há o que fazer, a não ser esperar a definição do laudo para acionar o seguro. O único fator já resolvido é a pensão do estivador, que a viúva já está recebendo.

 

Não havia exaustor em nenhum dos cantos do navio

 

Tatiana reclama, ainda, da demora no socorro e da falta de médicos e ambulâncias no terminal. Para ela, as empresas precisam cuidar dos trabalhadores e manter equipamentos e profissionais de plantão, já que se trata de uma atividade perigosa. O atendimento a Ruas demorou cerca de 45 minutos desde o comunicado do acidente até o acionamento da ambulância. Ao chegar ao local, o médico apenas atestou a morte do trabalhador.

 

Segundo o cunhado da vítima, Francisco Ruas, já existiam indícios, na época, de que não deveria haver operações no porão daquele navio, devido ao mau cheiro e à falta de um exaustor. “Ele morreu em um lugar que não era para ele estar; nem ele nem ninguém. (O navio) não devia operar”.

 

Francisco, que também é estivador, cobra mais fiscalizações por parte da DRT e demais órgãos do Ministério do Trabalho. “São necessárias mais vistorias. Se a Anvisa entre nos navios antes de atracar, porque o Ministério do Trabalho não entra? É preciso averiguar os riscos nas embarcações”.

 

O cunhado da vítima denuncia, também, que as operações envolvendo enxofre são de alto risco. Ele afirma que é comum os trabalhadores caírem em meio à montanha da carga. “Sempre cai gente, mas nos reunimos, vamos lá e buscamos. Isso acontece sempre, é ‘batata’”. O trabalhador lamenta que ninguém tenha visto o que ocorreu com Ruas para socorrê-lo, caso fosse possível. Embora não aconteçam acidentes fatais no Porto de Santos há 11 meses, é hora da Autoridade Portuária, segundo Francisco, exercer seu papel e fiscalizar adequadamente os terminais para saber se as empresas estão se planejando para evitar que novas tragédias aconteçam.

 

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