Quinta, 13 Fevereiro 2025

A tragédia que ocorreu na Ponte Juscelino Kubitschek, que liga o Tocantins ao Maranhão, não foi um evento inesperado. Pelo contrário, trata-se de mais um episódio previsível resultado da negligência estrutural e da falta de manutenção adequada das infraestruturas viárias. Já acompanho de perto os desafios que pontes e viadutos enfrentam no Brasil e esse caso exemplifica de forma clara os riscos diante de problemas estruturais.

Captura de tela 2025 02 12 134817Agência GOV

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) já possuía conhecimento das condições críticas dessa ponte. O relatório técnico de 2020, elaborado pelo órgão, apontava rachaduras, inclinação dos pilares e deterioração do concreto, indicando a necessidade urgente de reforço e recuperação estrutural. Infelizmente, como em muitos outros casos, medidas preventivas foram negligenciadas, transformando um problema técnico em uma tragédia humana e econômica.

De acordo com o Ministério Público, mais de 727 pontes administradas pelo DNIT estão em condições críticas, o que representa quase 13% das 6 mil pontes federais no Brasil. A ponte JK, inaugurada em 1961, sofreu manutenções esporádicas ao longo das décadas, mas nenhuma delas abordou de forma definitiva os problemas estruturais identificados. O relatório de 2020 evidenciava fissuras nos pilares de sustentação, exposição de armaduras e deslocamento de elementos estruturais essenciais para a estabilidade da obra.

Hoje temos tecnologias que poderiam evitar desastres como esse. Sistemas de monitoramento estrutural em tempo real, que analisam vibrações e deformações, já são aplicados em pontes de países como Japão e Alemanha. Esses sensores identificam alterações mínimas na estrutura, permitindo intervenções antes que pequenos problemas se transformem em catástrofes. No entanto, o investimento em inovação e manutenção contínua ainda não é prioridade nas políticas públicas.

A tragédia ocorrida em Tocantins deve servir como um alerta definitivo. Precisamos urgente adotar medidas efetivas de monitoramento e recuperação de nossas infraestruturas. Sem um compromisso sério com a manutenção preventiva, continuaremos a lamentar perdas humanas e financeiras causadas pela irresponsabilidade e pela falta de planejamento adequado.

A pergunta que fica é: quantas pontes precisarão desabar para que a segurança seja levada a sério?

Por Ladimir Krieger, Engenheiro Civil

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