Segunda edição do Índice de Produtividade Tecnológica (IPT) da Manufatura mostra avanço, registrando média geral de 0,71 pontos, frente a 0,52 pontos em estudo de 2019
As indústrias brasileiras avançam na digitalização das operações, mas a Indústria 4.0 ainda é uma realidade distante para a maioria, aponta a 2ª edição do Índice de Produtividade Tecnológica (IPT) da Manufatura. O estudo, realizado pela TOTVS em parceria com a h2r insights e trends, registrou que os players da manufatura brasileira evoluíram no ganho de produtividade tecnológica nos últimos cinco anos, obtendo média de 0,71 pontos – em uma escala de 0 a 1 –, frente ao resultado de 0,52 pontos registrados em 2019.
Foto: Reprodução/Sankhya
O IPT tem como objetivo avaliar o uso, internalização e ganho de performance a partir da adoção de sistemas de gestão e tecnologias complementares. O comparativo de cinco anos mostra que, embora o setor seja tradicionalmente visto como menos suscetível à disrupção digital rápida, a transformação digital está em curso e impactando várias áreas do setor, da produção à logística e interação com o cliente. Em 2019, 79% das empresas estavam em posição intermediária no que diz respeito a maturidade tecnológica, no segundo e terceiro quartis do IPT (0,25 a 0,75 pontos) e hoje houve uma mudança importante do cenário, com 87% das empresas saltando para a metade superior da pontuação, o terceiro e quarto quartis (0,5 a 1).
"Muito dessa evolução se deu pela pressão trazida pela pandemia. A indústria precisou investir em tecnologia para continuar operando e tendo resultados. Além disso, o avanço tecnológico registrado pela pesquisa também é provocado por um movimento das áreas de negócios em buscarem soluções e pressionarem o departamento de TI para essa maior adoção", destaca Angela Gheller, diretora de produtos para Manufatura da TOTVS.
O estudo avaliou o uso, internalização e ganho de performance a partir da adoção de sistemas integrados de gestão (ERP) e de tecnologias complementares. Nesse sentido, 85% dos entrevistados afirmam que as soluções e sistemas implementados apoiam muito ou totalmente os objetivos da empresa, mostrando que as indústrias têm sido mais intencionais e estratégicas no investimento e uso de tecnologia. No entanto, paralelo a isso 30% dos entrevistados afirmaram que o time ainda não está plenamente capacitado para lidar com os sistemas da melhor forma possível e 42% acreditam que a empresa ainda não está extraindo todo o potencial que as tecnologias podem oferecer. "O investimento tecnológico, de fato, só trará os melhores resultados quando as empresas entenderem – em todos os níveis – os motivos e as estratégias por trás desses investimentos. Por isso é fundamental haver capacitação e treinamento dos profissionais, para que eles consigam fazer a gestão dos sistemas e, principalmente, das informações da maneira mais eficiente possível. Esse é um dos principais impulsionadores do índice", reforça Angela Gheller.
Voltando nossos olhos agora para o chão de fábrica, a adoção de sistemas para gerenciamento de todas as etapas da produção tem um papel fundamental para que as indústrias tenham um salto de produtividade e eficiência na jornada da Indústria 4.0. No geral, 62% das indústrias afirmaram utilizar sistemas para gestão da produção, mas ainda existe um grande desafio para que as indústrias brasileiras possam acompanhar em tempo real o ritmo de produção das máquinas, evitando a formação de gargalos na linha de produção.
"Esses resultados reforçam que, mesmo com a presença de sistemas na produção, ainda há gaps para que as empresas possam ter uma gestão industrial escalável, capaz de atender todas as necessidades operacionais de ponta a ponta", complementa Angela.
O cenário futuro, porém, traz um bom prognóstico: para as empresas que ainda não têm sistemas de gestão na produção, a implantação dessas soluções é uma prioridade nos próximos dois anos, principalmente para: controle da produção (47%), planejamento de produção (47%), qualidade (36%), manutenção de ativos (34%), distribuição/logística (29%) e engenharia (32%).
"O IPT também trouxe a visão de que 31% das empresas não possuem um setor de planejamento de produção e 29% não possuem setor de controle de produção e qualidade. Esses dados reforçam a falta de maturidade das indústrias, uma vez que esses processos acabam sendo realizados em meio a outras atividades de produção, sem ser uma área propriamente dita. Chama a atenção para o quanto o setor ainda não está estruturado e organizado para essas demandas", reforça Angela Gheller.
Módulos aplicados à gestão da produção: rumo à Indústria 4.0
O IPT também olhou especificamente para soluções tecnológicas voltadas para planejamento e controle de produção. Para o gerenciamento de recursos operacionais e atividades, 49% das empresas afirmaram utilizar solução de MRP (Planejamento das Necessidades de Material), 32% CRP (Planejamento das Necessidades de Capacidade), 23% S&OP (Planejamento de Vendas e Operações) e apenas 18% APS (Planejamento Avançado).
Na área de controle de produção, a automação e coleta de dados do processo de fabricação com soluções, como o MES, está presente em 37% das organizações. Por outro lado, cerca de 80% fazem o apontamento manual da produção (com uso de ERP) e 66% fazem apontamento por processo (diretamente no sistema).
Na área de qualidade, somente 19% dos respondentes afirmaram ter aplicativos ou digitalização aplicada e na área de manutenção de ativos, apenas 15% das empresas possuem aplicativos voltados para a manutenção de ativos, retratando baixa mobilidade no controle desses processos, o que pode acarretar em gargalos no chão de fábrica.