Sábado, 23 Novembro 2024

Portogente entrevistou Rogério Magela, CEO da Athenas Logistics Technology, coordenador de tecnologia (CTO). Magela criou a empresa há 23 anos para atuar e no desenvolvimento de soluções, produtos e serviços para grandes clientes. Formado em engenharia de computação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e com pós-graduação em engenharia de telecomunicações, é também autor de livros na área de engenharia de software.

Rogerio Magela Athenas 2 600Rogério Magela, CEO da Athenas. Fotos desta página: Divulgação | Athenas.

Como conhecedor profundo do setor portuário, Magela é um profissional que coordena o desenvolvimento de produtos e soluções tecnológicas conectadas com as demandas operacionais e preocupações de sustentabilidade econômica e de gestão de pessoas, com benefício para empresários, trabalhadores que operam nos portos, “que facilita a análise, para a tomada de decisões de desempenho, eliminando assim os custos e aumentando a receita dos portos”, diz.

Além disso, ele relata, nesta entrevista especial ao Portogente, os diversos benefícios da tecnologia que a Athena oferece ao mercado consumidor, pois reduz custos que a médio e longo prazo beneficiam a cadeia produtiva de logística e distribuição. “A qualidade do serviço portuário passa a ser a chave e o meio balizador de toda cadeira produtiva. Se o serviço portuário for ruim, toda cadeia produtiva é afetada, diminuindo o escoamento de cargas tanto de exportação como de importação”, afirma Rogério Magela. Confira a entrevista completa, a seguir.

Rogerio Magela Athenas 300Portogente - Quais as principais inovações tecnológicas desenvolvidas pela Athenas e como ela pode melhorar os serviços portuários?
Atualmente, Athenas tem dois produtos. O Terminal Operating System Plus (TOS+) - um software que otimiza processos, organiza o fluxo de pessoas e mercadorias nos portos, terminais e armazéns e diminui custos operacionais. O TOS+ funciona como um sistema de gestão e operação, que organiza todo o fluxo logístico, e também todos os documentos que autorizam a entrada, a saída e o controle dos transportes envolvidos (navios, trem, avião, veículos etc.). Além disso, o software possui uma tecnologia de IoT (Internet of things) que suporta inúmeros tipos diferentes de hardwares, como mecanismos de biometria e reconhecimento ótico. Além desse tem o M2 – software Digital Twin em 3D, que trabalha em tempo real e que facilita a análise, para a tomada de decisões de desempenho, eliminando assim os custos e aumentando a receita dos portos.

Portogente – Quais as inovações tecnológicas trazidas por esses dois produtos?
Ambos os produtos apresentam uma séria de tecnologias inovadoras, como: 1. Algoritmos inteligentes de otimização e aumento de desempenho operacional; 2. barramento IoT conectando diversos hardwares em alta velocidade e em cloud; 3. digital Twin 3D em tempo real. Projeto apresentado em Londres em 2018; 4. robôs Inteligentes. Funcionamento ativo do software, não passivo. O TOS+ "pensa" e toma decisões mesmo quando nenhum usuário está trabalhando no produto; e 5. emulações que permite a captura de dados de outros sistemas de forma automatizada e sem intervenção humana. Com algoritmos inteligentes o ponto mais crítico dos serviços portuário é endereçado: otimização dos ativos (espaço, equipe, máquinas, tempo).

Portogente – Quais as especificidades de cada um deles?
O barramento IoT permite uma automação total do ambiente portuário, minimizando inúmeras falhas e também gerando alto desempenho. O Digital Twin 3D leva o planejamento operacional para outro nível, da mesma forma que o cérebro quando passa de uma visão 2D para 3D aumenta 80% suas capacidades cognitivas. Os robôs inteligentes colocam o TOS+ em um outro patamar de software, permitindo que o produto tome decisões de forma antecipada, preditiva e inteligente. As emulações garantem que toda integração com softwares de terceiros, governos, armadores, clientes etc. sejam feitas diretamente pelo produto, evitando inúmeros erros e garantindo um alto desempenho.

Portogente - É notória a vantagem para o setor empresarial. De que forma essa vantagem se estende para os demais setores da cadeia produtiva portuária?
No Brasil, temos uma infraestrutura muita precária, a nível rodoviário e ferroviário. E ainda temos uma burocracia grande na liberação de cargas e pagamentos de impostos além de outros controles paralelos do governo, como a inspeção do Mapa [Ministério da Agricultura e Pecuária]. A qualidade do serviço portuário passa a ser a chave e o meio balizador de toda cadeira produtiva. Se o serviço portuário for ruim, toda cadeia produtiva é afetada, diminuindo o escoamento de cargas tanto de exportação como de importação.

Neste cenário, não somente os Terminais e Portos públicos e licitados são importantes, mas os Terminais de Uso privado também. Na medida que eles não investem, todos seus derivados ficam mais caros para o consumidor final. Visto que um custo demasiado dos serviços portuários encarece qualquer produto que teve sua operação nestes terminais.

Neste sentido, não há milagre aqui. O TOS+ ajuda na celeridade das movimentações de carga, e com isso, melhora a qualidade dos serviços oferecidos e diminui os custos finais ao consumidor. Mas sem investimento em infraestrutura e desburocratização os ganhos, embora grandes e importantes, não são os maiores possíveis.

Rogerio Magela Athenas 4 600

Portogente - Que benefícios a curto, médio e longo prazo essa tecnologia oferece ao custo final dos produtos e ao mercado consumidor?
A curto prazo existe um choque de otimização e desempenho nos Terminais, que de fato, afeta toda a cadeia. Aqui não estamos dizendo que todos ficam felizes com tamanha mudança, e sim que ela é efetiva. As verdadeiras mudanças não são imediatamente bem-vindas, existe ganhos sublimares e inconscientes advindo dos serviços portuários serem ineficientes e burocráticos. Muita gente ganha com isso.

A médio e a longo prazo este novo modus operandi começa a trazer seus ganhos, e o choque de gestão de mudança inicial, consegue rapidamente se reenquadrar, e os ganhos são sentidos em todos os níveis: 1. Consumidor paga mais barato em seus produtos com menos taxa de ineficiência dos serviços portuários; 2. os armadores e cliente conseguem uma maior transparência das informações e muito mais agilidade; 3. os transportadores e motoristas conseguem realizar mais viagens por dia, portanto, ganhando mais retorno financeiro; 4. a conta de TI dos Terminais e Portos diminuem drasticamente. Atualmente, manter uma equipe de TI em um terminal custo muito alto.

Portogente - Na relação com a força de trabalho portuária, poderá beneficiar a qualidade de vida de trabalhadores/as da operação? Como impacta no tempo de trabalho, na geração de empregos etc.?
Existe um compromisso com sustentabilidade e governança na Athenas. O impacto do nosso produto TOS+ reflete diretamente na retirada de pessoas de zonas de risco de um Terminal através das automações, na diminuição de filas e congestionamentos enormes, na diminuição de emissão de poluentes a nível rodoviário, ferroviário e portuário. Por outro lado, o TOS+ trabalha com um nível de segurança e níveis de alçada que proibi ilicitudes e ganhos escusos ainda presentes nos serviços portuários, garantindo uma lisura completa no processo. E por fim, não podemos cair no erro e na ingenuidade que as automações retiram empregos. Retirou na Europa? No Japão? O que existe é uma mudança no nível profissional dos trabalhadores. Um operador de gate por exemplo, pode se tornar um planejador de pátio ou agendamento. Esta qualificação foi fundamental nos países do primeiro mundo. Não podemos continuar cultuando empregos que colocam riscos aos nossos trabalhadores, vendendo ferro, e importando computador. Dando chances para estes trabalhadores crescerem profissionalmente, estamos dando chance para que o Brasil cresça.

Curta, comente e compartilhe!
Pin It
0
0
0
s2sdefault
powered by social2s

topo oms2

Deixe sua opinião! Comente!