É um prazer anunciar, em tempos difíceis, uma iniciativa que pode contribuir para nos tirar do pesadelo. O Projeto Resgate, por meio do qual Outras Palavras debate ideias para um novo projeto de país, após a vitória sobre a ameaça fascista, volta a partir desta terça-feira, 26/4, às 20h. Oito entrevistas em vídeo debaterão um tema crucial: como recuperar a Petrobras – desmembrada e capturada por interesses privados, desde 2016 – e o controle sobre as reservas de petróleo do pré-sal. Há boas notícias: nada está perdido. Tudo o que foi privatizado pode ser recuperado, num novo cenário político. E o resgate da Petrobras pode ser a porta de entrada para interromper a regressão produtiva do Brasil, lançar um processo de reindustrialização qualificada e iniciar a transição energética rumo a fontes limpas.
A série de entrevistas apoia-se num trabalho jornalístico de profundidade. Ao longo das últimas seis semanas, Outras Palavras publicou quatro textos (1 2 3 4) sobre o tema. Sua leitura permite compreender a estratégia adotada pelos governos Temer e Bolsonaro, sob o silêncio cúmplice da mídia (quando se trata de petróleo, fascismo e ultraliberalismo estão juntos). A Petrobras tem sido desprovida de suas subsidiárias e operações principais. Ao contrário de todas as empresas importantes de seu setor, que expandem atividades, ela se restringe cada vez mais apenas à extração de petróleo. Graças a uma política de preços que extorque a população, obtém, lucros vultosíssimos. Mas não os investe: transfere-os a seus acionistas, hoje majoritariamente privados e estrangeiros. Como a empresa reduz inclusive suas atividades de pesquisa e prospecção, este caminho conduzirá à privatização total – defendida mais de uma vez por Bolsonaro – e à perda das reservas gigantes de petróleo.
Mas nossos estudos revelaram também as vastas possibilidades de reverter este processo. É isso que os diálogos apontarão. Realizados ente 26/4 e 18/5 (às terças e quartas, às 20h), com apoio honroso da Fundação Rosa Luxemburgo, eles reunião alguns dos ativistas e pesquisadores mais destacados na luta pelo petróleo brasileiro, como fica claro na programação publicada abaixo e em seu detalhamento, neste texto: https://outraspalavras.net/resgatebrasil/os-caminhos-para-resgatar-a-petrobras/.
O Brasil pode recuperar os campos do pré-sal já concedidos a petroleiras internacionais, assim como as subsidiárias extirpadas da Petrobrás. Estratégias inteligentes e seguras permitirão recomprar as ações – em especial as que são hoje controladas por fundos trilionários, como o Black Rock. Revigorada, e convertida numa empresa de energia (como é tendência global em seu setor), a estatal poderá investir também em fontes limpas, especialmente a fotovoltaica. Nestas condições, terá papel destacado na oferta de postos de trabalho dignos e na reindustrialização: um setor de material elétrico de alta e média complexidade ressurgirá, com base em suas encomendas.
A regressão produtiva e política vivida pelo Brasil tem claro caráter de recolonização. Mas o colonialismo é, também, um processo cultural. Sua força está em fazer certos grupos sociais e sociedades acreditarem-se inferiores e impotentes – até o ponto de se manterem paralisadas e letárgicas. Nossa série de diálogos mostrará que é possível romper a espiral descendente. Enxergar a brecha é essencial para recompor um horizonte político e dar ânimo à luta contra o fascismo. E será indispensável para que um novo governo cumpra seu papel de iniciar a reconstrução do Brasil em novas bases.