Especialistas em logística avaliam a importância de novas ferramentas para reduzir riscos de caminhoneiros nas rodovias em meio a pandemia
Os impactos da pandemia do novo coronavírus chegaram também à malha rodoviária do Brasil. Mesmo com redução na circulação de veículos, há setores essenciais da Economia que dependem das rodovias brasileiras para manter serviços em funcionamento. Neste momento, a importância de cuidar da segurança no trânsito de profissionais nas estradas do país se torna ainda mais urgente. Com a sobrecarga do Sistema de Saúde brasileiro causado por pacientes internados com Covid-19, diminuir os riscos que correm os caminhoneiros e motoristas se torna essencial.
Com a diminuição do fluxo de veículos nas estradas, a Polícia Rodoviária Federal registrou queda de 20% no número de acidentes graves de março a abril de 2020 quando comparado ao ano anterior. Apesar disso, 552 mortes foram registradas em acidentes neste mesmo período, uma redução de 3% na comparação com 2019. Os perigos presentes no trânsito brasileiro podem ser reduzidos quando são aliadas boas práticas na condução e tecnologia de ponta que prevê problemas e aponta soluções antes mesmo de um motorista entrar na boleia do caminhão.
Empresas que trabalham com frotas apostam cada vez mais em ferramentas capazes de acompanhar as condutas de seus profissionais e veículos durante as viagens. É o caso da Uberlândia Refrescos, distribuidora da Coca-Cola no Triângulo Mineiro. Com uma frota de 250 caminhões e 130 motoristas, a empresa realiza um programa intensivo de integração de novos profissionais para que possam se adequar aos equipamentos e funcionalidades dispostos, como a de gerenciamento de abastecimento e dirigibilidade.
Segundo o gestor de distribuição da empresa, Gilberto Silva, as práticas de segurança são prioritárias no treinamento dos motoristas. “A ferramenta de abastecimento auxilia a medir a dirigibilidade de cada condutor em cada veículo. É possível conferir se há dispersão de litro por quilômetro rodado, até para sugerir manutenção dos caminhões ou passar os condutores por reciclagens.”
Além disso, a empresa já investe em equipamento para acompanhar a rota de cada caminhão, mas está preparando a migração para o sistema de telemetria. “É possível saber onde o veículo se encontra e como está sendo trabalhado. Temos programas para prevenção de riscos e a telemetria nos ajudará com isso. Criamos um comitê de gestão de segurança de frota, no qual participam profissionais de diversas áreas da empresa. Nosso índice de acidente é pequeno, sem acidentes fatais há cinco anos”, explica.
O uso da telemetria já é realidade na Prattica Logística, empresa de distribuição que opera na região Sul do país com filiais em outros estados. Criada há 15 anos, possui frota de 272 veículos e 130 motoristas contratados para transportar alimentos, móveis, bebidas e produtos industrializados. “A telemetria nos permitiu definir a conduta ideal para cada modelo de caminhão que possuímos. Desta forma, é possível acompanhar a performance individual de cada colaborador e corrigir eventuais problemas. Somada a ferramenta de abastecimento, conseguimos economia no consumo de combustível, evitamos acidentes e desgastes do caminhão”, explica o sócio proprietário da empresa, André Ravanello.
Apesar das facilidades que a tecnologia oferece, o empresário ressalta que nem sempre foi tão fácil acompanhar a rotina dos condutores. “Faz poucos anos que foi implementado esse processo. Antes sabíamos o início e o fim da viagem de cada motorista, porque eles preenchiam a mão. Agora, conseguimos acompanhar pela internet cada etapa da viagem. E isso é importantíssimo para reforçar nossos cuidados com a segurança dos motoristas. Em 15 anos de empresa, nunca tivemos um acidente fatal. E a tecnologia nos dá cada vez mais oportunidades de estarmos próximos dos nossos condutores nas estradas.”
Para o gerente da filial de São Paulo da ValeCard, Leandro Ferraz, a tecnologia se tornou essencial para a produtividade responsável do setor. “O mercado mudou. Se antes o caminhoneiro era ligado àquela figura rústica, de pouca instrução, hoje vemos profissionais conectados e preparados para trafegar nas rodovias com prudência e usam os dados coletados de forma instantânea para aperfeiçoar suas performances”, avalia.