Quinta, 25 Abril 2024

Especial para o Portogente

O Brasil acaba de vender (ou abrir mão) a principal exportadora de bens de alto valor agregado do País, a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) para a norte-americana Boeing, uma das maiores fabricantes de aeronaves civis e militares do mundo. Sentido oposto está a China com o chamado “Made in China 2025”, um plano de Pequim de investir centenas de bilhões de dólares em setores como robótica, carros elétricos e computação, com o objetivo de se tornar um líder global em tecnologia.

Made China 2025

Para entender esse cenário, Portogente entrevistou o economista Humberto Dalsasso, que atua como consultor empresarial e é um estudioso da economia chinesa. Em sua análise, a China tem alta demanda por matéria-prima e o Brasil é um local para buscar energia, infraestrutura e terra. Mas ser apenas um “celeiro” de commodities é um bom futuro para o Brasil?

Portogente - Quais os impactos do “Made in China 2025” para o Brasil?
Dalsasso – A China é historicamente um país estrategista, bem retratado por Sun Tzu em sua obra “A Arte da Guerra”. Essa postura estratégica levou a China à posição de segunda maior economia mundial em termos de Produto Interno Bruto (PIB), com 12 trilhões de dólares, valor seis vezes maior que o PIB do Brasil. Os produtos chineses têm a imagem de produtos populares e de mercados simples. O Plano Made in China é altamente estratégico, pois direciona a produção chinesa para a modernização em vários setores. Com isso a China poderá oferecer produtos e serviços de alta qualidade e tecnologia nos diversos ramos de atividade. O lado positivo disso é que o Brasil e o mundo terão acesso a um mercado que oferece produtos de alta qualidade e bom preço. O lado negativo é que é um país que tem baixos salários e baixa carga tributária, portanto difícil de ser enfrentado do ponto de vista da concorrência, como, por exemplo, com o Brasil, que tem carga tributária muito alta. Assim o poder competitivo da China em relação à economia de outros países é muito diferenciado.

O senhor identifica a presença da China nas privatizações em andamento no Brasil? E de que forma isso influencia geopoliticamente os atuais rumos da economia brasileira levando em conta os interesses das alianças dentro dos Brics (bloco econômico que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul)?
Como disse, a China (é um país) estrategista, então essa participação nas privatizações é quase que certa, mas o cuidado tem que ser nosso. É fundamental saber o quanto e como fazer. O Brasil precisa se conscientizar de que só exportar recursos naturais e produtos primários é insuficiente. Por isso é de fundamental importância capacitar a produção industrial e de serviços. O Estado não deve ter presença excessiva na produção, mas por outro lado não pode desconsiderar a relevância de preservar os recursos e riquezas fundamentais para o futuro do País.

Com relação à Ferrovia Transoceânica, que vai ligar o Brasil à China pelo Pacífico e que, por ora, foi suspenso. Isso, de alguma forma, interfere nas relações comerciais entre os dois países?
A ferrovia é de alta importância, pois facilita a exportação brasileira e a importação de produtos chineses e o acesso de exportadores estrangeiros de peso para a China. O investimento será alto e é preciso avaliar seu potencial de retorno. É preciso ter noção do que e quanto exportaremos e do outro lado o que e com que facilidade os produtos externos entrarão no mercado brasileiro. É uma avaliação sofisticada, mas, se implementada, vai facilitar o transporte e beneficiar o mercado de um modo geral.

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