Rogério Borili, vice-presidente de operações da Becomex
Durante a crise econômica, mais do que nunca, as empresas aprenderam a extrair dos benefícios ficais mais competitividade e redução de custos. Para minimizar os impactos causados na economia pela queda nas vendas do mercado interno foi preciso focar esforços nas exportações e garantir o ritmo das linhas de produção local, mantendo empregos e gerando divisas para o País.
O crescimento das exportações brasileiras na maioria dos setores da economia gerou um consequente aumento nas importações de insumos. Esse movimento, fez aumentar os custos das empresas exportadoras que encontraram na recuperação de impostos um caminho saudável para equilibrar as contas e ainda aumentar o fluxo de caixa.
Um dos benefícios fiscais que tem se mostrado um forte aliado das empresas é o Reintegra, pois permite que as exportadoras recebam até 2% dos valores pagos em tributos federais (PIS e Cofins), nas etapas anteriores ao processo produtivo.
Além do Reintegra, o Drawback tem ensinado a indústria exportadora a compartilhar benefícios em cadeia, reduzindo custos e aumentando a competitividades em todos os seus fornecedores, por meio do módulo Drawback Intermediário.
Cada vez mais em destaque, o Recof-Sped - Regime Aduaneiro Especial de Entreposto Industrial - permite ao beneficiário importar ou adquirir itens no mercado interno com suspensão do pagamento de tributos aduaneiros quando seu produto final for destinado à exportação.
De acordo com levantamentos da Becomex, regimes de isenção ou redução de impostos para empresas exportadoras do Brasil - como o Recof-Sped e o Drawback - podem reduzir em até 19% o custo direto dos insumos importados, destinados à industrialização dos produtos exportados. Isso torna os produtos fabricados aqui no País ainda mais competitivos no mercado externo.
A utilização dos benefícios fiscais disponíveis também é uma solução para acabar com os acúmulos de créditos que as empresas nunca conseguiam resgatar.
E como pensar em retomada do crescimento sem incluir esses novos caminhos que a "Ciência Tributária" experimentou nas empresas, nesse trajeto árduo de crise, com resultados tão expressivos para manter a vitalidade da produção nacional?
A lição mais valiosa que a crise nos trouxe é que esse movimento não pode mais retroceder, mesmo quando tudo passar. As empresas aqui instaladas precisam continuar focadas nas exportações - além do mercado interno; precisam cada vez mais buscar a redução de custos e, mais do que nunca, manter a estratégia de equilibrar suas contas e aumentar sua competitividade fazendo a melhor utilização dos benefícios ficais.
Essa transição da inteligência fiscal que tirou de vez o tributário do papel operacional nas empresas para uma atuação cada vez mais estratégica, fonte de redução de custos e chegada do "dinheiro novo".
Quem não usou esses tempos para buscar os novos caminhos nessa área precisa estar ciente de que a concorrência o fez. Foi assim que conseguiu impulso para chegar em 2018 e planejar o futuro que virá, pronta para retomar o crescimento dentro de uma nova perspectiva.
Afinal, já está mais que na hora de aprendermos alguma coisa com nossos acertos durante as crises. Caso contrário, essa crise continuará em nós. Sua empresa está pronta?