Quarta, 27 Novembro 2024

José Zeferino Pedrozo, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC)

O sucesso das safras agrícolas e a abundante oferta de alimentos foram determinantes para a baixa taxa de inflação que a economia brasileira registrou em 2017. Ao gerar os principais itens da alimentação humana – grãos, leite, frutas e carnes – em volume suficiente para saciar a população, o setor primário brasileiro criou condições macroeconômicas de controle da inflação. Está aí um dos fatores que exaltam a enorme importância da agricultura: alimento barato (abundante) torna a vida das famílias melhor e anima a economia; alimento caro (escasso) gera fome e tensão social, além de desorganizar a economia. Além desse aspecto, a agricultura ainda gera superávits de quase 100 bilhões de dólares na balança comercial, tornando superavitárias as operações do Brasil no comercio exterior. Não fossem as exportações do agronegócio, o saldo das exportações e importações seria deficitário para o País.

Teremos, neste ano, novamente uma boa safra agrícola 2017/2018 (mais de 220 milhões de toneladas de grãos), levemente inferior ao do ano passado, resultado da associação de variáveis, como o clima, o emprego de tecnologia e a disponibilidade de crédito. O setor da proteína animal, mais uma vez, dá uma contribuição gigante. As cadeias produtivas da avicultura e da suinocultura industrial – nas quais Santa Catarina é destaque mundial – têm intensa presença na obtenção de divisas internacionais. Os resultados do binômio aves/suínos em 2017 foram expressivos, apesar dos graves equívocos nas generalizações da Operação Carne Fraca, que macularam setores produtivos junto aos mercados internacionais: 77 países aplicaram algum tipo de sanção às carnes de aves e de suínos do Brasil e os reflexos negativos ainda hoje são sentidos pelos exportadores brasileiros.

Ao final, entretanto, as exportações de carne de frango encerraram o ano em patamares próximos ao alcançado em 2016, quando registramos nosso melhor desempenho histórico em volumes. Mais de 13 milhões de toneladas foram produzidas e mais de 4 milhões exportadas. O consumo per capita mostra a importância dessa proteína para a dieta do brasileiro: 42 kg de carne de frango/pessoa/ano. O ovo foi outra proteína nobre em destaque, com a produção de quase 40 bilhões de unidades e um consumo per capita de 192 unidades/habitante/ano, maior índice já registrado.

De carne suína, mesmo com embarques em níveis inferiores em relação ao ano anterior, atingir volumes próximos de 700 mil toneladas foi uma vitória para o setor (foram produzidas 3,7 milhões de toneladas). No mercado interno, o consumo per capita ficou em 14,7 kg/pessoa/ano.

A oferta regular de insumos (com preços equilibrados do milho e soja), diferentemente de 2016, não impactou os custos da produção e melhorou a competitividade internacional. A relativa estabilidade cambial em longos períodos de 2017 favoreceu os negócios de exportações do setor. São fortes as esperanças de ampliação do mercado mundial. A Coreia do Sul deve iniciar as compras neste ano. O Peru é outro mercado que, em breve, deve importar a carne suína do Brasil. A Rússia – maior compradora das carnes suínas e bovinas do Brasil – suspendeu as importações em dezembro, mas deve retomar em breve, estocando-se para a realização da Copa do Mundo. Se o processo político-eleitoral não atrapalhar, 2018 promete!

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