Daniel Goleman é psicólogo, consultor empresarial e autor do livro Inteligência Emocional
Ele era um executivo de alto nível em uma multinacional do ramo de alimentos, e sua coach fez um inquérito desafiador. Sua pergunta era: “qual será o seu legado?”.
É uma conversa que a Dra. Cherre Torok, uma coach executiva com clientela global, teve com todos os CEOs e presidentes com quem trabalha – “cerca de 90% do tempo”, disse-me.
Ela trabalha com executivos de alto nível, capazes de alterar o DNA de uma companhia. Mas qualquer um de nós, em qualquer nível, pode se fazer essa pergunta, não importa o tamanho da nossa esfera de influência.
Como me disse Dalai Lama quando eu estava escrevendo A force for good: the Dalai Lama’s vision for our world (sem edição em português), a ladainha das tragédias que escutamos com frequência todos os dias se resume a “ausência de ética”. E quando se trata de nosso legado pessoal, é o nosso senso de significado e propósito que forma não apenas nosso valor e como nos comportamos, mas também o que vamos deixar para trás.
Se uma criança de seis anos te perguntar o que você faz, sua resposta seria simples, porém autêntica. “Aquela ingenuidade é o que procuramos em qualquer nível”, diz Torok.
Para se manter em contato com seus princípios, ela sugere que você se pergunte uma série de questões. Você pode começar com uma resposta honesta para a seguinte pergunta: o que você diz corresponde ao que você acredita? Você age de acordo com seus valores?
Outra maneira de pensar sobre isso: o que você faz além da descrição do trabalho que demonstram esses valores? Conhecer o legado pessoal significa medir nosso impacto além do dinheiro, emprego ou autoridade.
Para um diálogo interno mais sistemático, considere as seguintes questões:
Por que? Qual é o senso de propósito, valores ou significado que te move?
O que? Dados o seu papel e recursos, como você poderia implementá-los?
Como? Você tem a inteligência emocional necessária para ser efetivo? Você está consciente de como suas palavras e sinais, como tom da voz, impactam as pessoas?
Quem? Quais interessados ou aliados você pode convencer ou mobilizar?
A última questão sempre ocorre com CEOs preocupados com seus próprios legados – e como mantê-lo depois que se forem. Quanto mais alto você subir na organização, maior a questão do legado. Isso por uma razão: seu rastro de influência é maior. Conforme descoberta de Torok, com CEOs, a discussão geralmente se torna apenas sobre a companhia, mas é essencial saber como podem contribuir com o mundo em geral.
Quanto ao executivo do ramo de alimentos, o inquérito acerca do legado fez com que a companhia passasse a investir mais em pesquisa e desenvolvimento para que os alimentos produzidos fossem mais saudáveis. E também outra contribuição para o DNA da companhia: a despeito do corte de custos, ele encontrou maneiras de cobrir o déficit sem demitir as pessoas.