Edeon Vaz Ferreira, membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) e Diretor Executivo do Movimento Pró Logística de Mato Grosso
O modal de transporte mais utilizado no escoamento das safras brasileiras é o rodoviário, mais caro e mais poluente em comparação com os modais ferroviário e hidroviário.
Quantidade de dióxido de carbono liberado por cada tipo de modal ao transportar 1 tonelada de carga em um percurso de 1.000 quilômetros
Como podemos observar, o modal rodoviário é, sem dúvidas, o mais poluente e com menor economia de energia em transporte de cargas.
O governo brasileiro, ao longo dos anos, com a necessidade de interiorizar o desenvolvimento no Brasil, optou pelo modal rodoviário, que possui a capacidade de promover a ligação rápida entre cidades e regiões produtoras com as consumidoras. Mesmo sabendo da importância dos modais ferroviário e hidroviário, nada substitui o modal rodoviário para interagir com os demais.
O agronegócio tem como principais produtos a serem transportados, para abastecimento interno ou para exportação, as commodities soja, arroz, milho, algodão e trigo. Todas com baixo valor agregado, ou seja, os valores de fretes provocam grande impacto na rentabilidade destas culturas. Nos países mais desenvolvidos, a relação entre os modais considerando o rodoviário com base 100, o ferroviário seria 70% deste e o hidroviário 30%. Observa-se que além de ser o mais econômico, o hidroviário é também o mais ecológico.
Vejamos: no rio Madeira, no período de cheias ou chamado de águas altas, navega-se com comboios de 20 barcaças com 2.000 toneladas cada, ou seja, transportam 40.000 toneladas no corredor Porto Velho – Itacoatiara. Isto equivale a 1.000 caminhões, ou seja, estamos substituindo 1.000 motores por dois.
No caso da ferrovia, temos em Mato Grosso a Ferronorte que liga Rondonópolis/MT a Santos/SP. Anualmente, esta ferrovia transporta 16 milhões de toneladas, retirando das rodovias 400.000 caminhões, reduzindo custos e a emissão de gases.
Diante dos dados apresentados, fica a certeza de que temos que buscar a implantação de ferrovias e hidrovias para reduzir os custos ao produtor, e colaborar na redução da emissão dos gases nocivos à natureza e à população.
O Governo Federal está envidando esforços para conceder a concessão da Ferrovia Norte Sul (FNS) no trecho entre Porto Nacional/TO e Estrela do Oeste/SP com mais de 1.500 km. O projeto da ferrovia Ferrogrão ligando Sinop/MT a Miritituba/PA, margem direita do rio Tapajós, com aproximadamente 1.000 km, fazendo uma operação multimodal, rodovia – ferrovia e hidrovia, permitindo acesso aos terminais portuários de Vila do Conde – Barcarena/PA, que tem inicio das audiências públicas no mês de novembro de 2017 e licitação prevista para o 1º semestre de 2018. Os projetos da Ferrovia Oeste Leste (Fiol) ligando Ilhéus ao Oeste da Bahia, que tem como cidade polo Luiz Eduardo Magalhães, grande região produtora de grãos e algodão. A construção da ferrovia Nova Transnordestina ligando a região produtora do Norte à região do semiárido nordestino.
Sem dúvida alguma, temos que implementar os modais ferroviário e hidroviário no Brasil para que possamos ser competitivos em relação aos nossos concorrentes e em relação à redução de CO² na natureza. O meio ambiente agradecerá!