Quinta, 25 Abril 2024

Coriolano Xavier, vice-presidente de Comunicação do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), professor do Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM

Desde 2015, fala-se sobre o avanço rápido do uso de tecnologias de edição de genes em programas de melhoramento genético de suínos, voltados à resistência a doenças. Agora, se tem notícia do nascimento da primeira leitegada com resistência à Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos (PRRS), doença virótica que, só na suinocultura norte-americana, provoca um impacto negativo de mais de US$ 1 bilhão/ano, entre perdas produtivas e custos terapêuticos.

Aconteceu em 19 de setembro último, em uma granja produtora de material genético, nos Estados Unidos. São 13 leitões hereditariamente imunes à PRRS, descendentes de fêmeas em que essa imunidade foi incorporada por meio da edição de genes. É a primeira vez que se tem esse tipo de acontecimento na indústria da carne e, talvez, a história venha a registrar este fato como um novo capítulo na evolução da produção de proteína animal.

Por traz desse salto está a sinergia entre conhecimento acadêmico de excelência e experiência empresarial madura no mercado global – um modelo de negócios que tem a cara do século 21. No caso, Universidade de Minnesotta e Genus/PIC, ambas norte-americanas e com um passado meio que já habituado a abrir horizontes em genética e produção suína. Nessa perspectiva, a nova tecnologia deve gerar expectativas grandes para a biossegurança das granjas e, agora, terá que se provar confiável e sustentável.

Hoje, a globalização da suinocultura e o aumento da densidade de povoamento das granjas facilitam a intensa circulação de vírus, elevando o risco sanitário dos sistemas de produção. A PRRS não está presente no Brasil, mas já chegou perto, com ocorrência recente registrada no vizinho Uruguai. A doença ocorre principalmente na América do Norte, também em áreas da Europa, e pode causar estragos nos plantéis: abortos, natimortos e problemas respiratórios em leitões até a terminação.

A chegada da resistência genética à PRRS não quer dizer disponibilidade comercial imediata de animais com essa característica, para o suinocultor. A palavra agora está com os órgãos regulatórios dos Estados Unidos e de outros países, verificando as evidências de que o traço de resistência à doença revela-se eficaz, hereditário e sem interferências na segurança e no perfil nutricional da carne suína. Se tudo acontecer como preveem seus criadores, em alguns anos o porco imunizado pode estar no mercado.

É a força da ciência para sacudir conceitos e paradigmas. Informação genética aplicada contra doenças para o organismo se defender. Muda o desenho genético do suíno, muda a tecnologia protagonista de melhoramento e mudam as possibilidades. Talvez, seja até possível começar a imaginar a edição de genes acelerando a conquista de outras resistências a doenças, ou então de avanços da mesma grandeza em outros fatores essenciais para a eficiência de produção de carne. Afinal, essa, por assim dizer, “vacina genética” é uma das tecnologias emergentes destacadas pelo Fórum Econômico Mundial, de 2017.

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