Caio Camargo é empreendedor e editor do site o Falando de Varejo.
Há um novo degrau na evolução das marcas. Mas antes, para entender o contexto: Após décadas de desenvolvimento das marcas dentro de seu core business, a revolução digital dos últimos anos trouxe oportunidades para as marcas atuarem em novos canais, através de estratégias que ficaram conhecidas como cross-channel, ou multicanais.
A evolução desse modelo, e o surgimento da necessidade de se oferecer a mesma experiência aos consumidores, tanto nos meios físicos, quanto digitais, fez com que este evoluísse para o hoje “badalado” conceito de ”omnichannel”, uma fusão dos diversos canais da empresa que cria uma experiência híbrida de marca.
Em suma, uma onipresença da marca dentro do universo de decisão e compra do consumidor, para que esse relacione onde e quando quiser com a marca, seu atendimento, preços e entregas de produtos, sem alteração na experiência ou percepção por parte do consumidor.
Porém, acredito que estamos iniciando um novo degrau desse momento. Depois da onipresença dos canais, acredito que viveremos tempos de onipresença das marcas, onde essas irão romper seus segmentos de mercado e atuarem em campos inusitados.
Omnichannel não é, nem nunca foi, em minha opinião, uma pauta sobre tecnologia. É sobre maturidade de marcas, maturidade de negócios, maturidade de branding. É uma passagem obrigatória para as marcas a partir de certo estágio de sua evolução, quando deixam de ser locais, passam a atuar em regiões maiores, ou a buscar novos mercados, alinhando-se à nova realidade do consumo.
E penso que o Omnibranding pode ser a nova fronteira, o novo ponto de alcance, a nova utopia para qualquer marca de grande porte. Marcas que expandiram suas marcas para muito além do conceito omnichannel, atingindo outros mercados e se tornando algo assustadoramente poderoso e perigoso, difícil de ser categorizada da maneira simples como sempre fizemos. A construção desse novo patamar geram desafios nunca antes trabalhados, e que irá exigir de profissionais e até mesmo equipes inteiras, novas expertises, cada vez mais abrangentes, sem abrir mão da experiência customizada cliente a cliente hoje desejada. As Omnibrands já são o novo benchmark.
Exemplos de marcas como Google, Amazon e Alibaba que hoje expandiram seus horizontes para negócios muito além de seu core business inicial, nos dão a ideia do que pode acontecer ainda na evolução das marcas. Como definir essas marcas? Como definir seus segmentos? Como definir em qual mercado se encaixam?
E se ainda estamos iniciando nesse caminho, para onde é que iremos nesse novo contexto? Se hoje é difícil definir o conceito ou a essência do que seriam essas empresas dentro dos contextos tradicionais de mercado, essas empresas avançaram tanto em sua diversidade de soluções, produtos e serviços, que até mesmo podem atingir mercados que nem imaginam.
A Amazon, por exemplo, é o segundo maior site de pesquisas atrás do Google (pobre Yahoo!), Google avança por projetos científicos muito além de seu interesse em buscas ou venda de mídia (como é de conhecimento de todos, esse sim seu carro chefe).
Todo esse novo contexto, me faz lembrar dos desenhos do Papa-Léguas, onde praticamente tudo o que envolvia o mundo deles (ou seja, tudo o que o Coyote comprava para capturar o Papa-Léguas) era produzido pela ACME, uma abreviação de “A Company thats Make Everything”, ou uma tradução literal, “Uma empresa que faz de tudo”.
Em mais um caso onde a ficção namora a realidade, agora temos não uma, mais diversas empresas ACME.