Alessandro Rubio é coordenador técnico de Pesquisa & Desenvolvimento do Centro de Experimentação e Segurança Viária - Cesvi Brasil
A segurança viária e veicular vem evoluindo constantemente em todo o mundo e as estatísticas alarmantes de mortes no trânsito justificam os avanços das tecnologias e da legislação. Atualmente os números da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam mais 1,25 milhão de vítimas de acidentes fatais por ano, 90% delas em países de média e baixa renda.
Reforça esses dados o fato de que tais países concentram aproximadamente 54% dos veículos do mundo, o que mostra a necessidade de uma atuação mais precisa e efetiva no que toca à segurança viária.
Diga-se que os números incluem o Brasil, onde se estima que o trânsito faça 50 mil vítimas fatais e mais de 500 mil inválidas por ano, grande parte em fase economicamente produtiva.
Segundo o Centro de Pesquisa e Economia de Seguro (CPES) o Brasil gasta algo em torno de 2,3% do seu Produto Interno Bruto (PIB) com custos relativos às vítimas de acidentes de trânsito, o que inclui fatalidades e invalidez permanente. O porcentual corresponde a algo em torno de R$ 146 bilhões por ano e não é tão distante da estimativa da própria OMS, de aproximadamente 3% do PIB dos respectivos países.
A redução desses números é o grande desafio do Brasil e de muitas outras nações, e faz parte dos objetivos da Década de Ação pela Segurança no Trânsito (2011-2020), da Organização das Nações Unidas (ONU), da qual o Brasil é signatário, apoiada por governos em âmbito global comprometidos com a prevenção e redução de acidentes no trânsito.
Entre as ações desse programa estão avanços na segurança nos veículos vendidos no País com a finalidade específica de reduzir os riscos de ferimentos fatais aos ocupantes, resultado pode ser obtido por meio de tecnologias embarcadas no veículo e na composição da carroceria.
Muito mais acessível e possível de ser instalada em gama cada vez maior de veículos, a tecnologia desenvolveu recursos que operam preventivamente. Muitos deles estão disponíveis no mercado brasileiro e auxiliam o motorista a diminuir a distração ao volante e melhorar a dirigibilidade, entre outras funções. A consequência é um transporte mais seguro para todos, com melhoria no fluxo do trânsito crítico dos grandes centros.
Bem informados em novidades tecnológicas que surgem aos borbotões em velocidade cada vez maior, os consumidores se tornaram muito mais exigentes. Isso favorece o desenvolvimento de veículos mais adequados às necessidades e desejos do usuário.
Em termos de América Latina, e tomando como exemplo o Chile, itens como o sistema de frenagem autônoma não passam de 21% nas versões de veículos disponíveis à venda naquele país. Já no Brasil e Argentina esses números são de 6,5% e 19% respectivamente, o que demostra que temos um longo caminho a percorrer.
Tudo o que foi exposto aqui aponta para a necessidade premente de se debater a Segurança Veicular na América Latina à luz da engenharia, que tem a missão de tornar a segurança presente a todos os usuários de veículos em todos os continentes. O desafio está lançado.