Milton Lourenço, presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC)
Se a irresponsabilidade com que os homens públicos vêm tratando as questões políticas no Brasil de hoje não abortar o reaquecimento da economia, tudo indica que o País entrará nos próximos meses em novo ciclo virtuoso. É o que se pode prever depois de se analisar alguns dados que dão sinais de uma recuperação econômica para breve.
Um desses dados é o crescimento mensal de 3,5% na produção de bens de capital ou bens de produção, que são aqueles bens que servem para a produção de outros, especialmente de consumo, como máquinas, equipamentos, materiais de construção e instalações industriais. Essa foi a taxa obtida nos primeiros cinco meses do ano em comparação com idêntico período de 2016, mesmo com uma ociosidade de 25% nas fábricas.
Outro dado que emite sinais de otimismo é que as exportações de manufaturados têm contribuído para a reativação da indústria. De janeiro a junho, houve um crescimento de 10,1% em relação ao mesmo período do ano passado, pela média diária, com vendas de US$ 37,7 bilhões. Os semimanufaturados cresceram mais ainda: 17,5%, com uma receita no semestre de US$ 15 bilhões.
No porto de Santos, responsável pela movimentação de 27,6% do comércio exterior brasileiro, os dados não são menos otimistas. O movimento de cargas de exportação apresentou uma variação de 7% entre os anos de 2015 e 2016, enquanto na importação foi de 5,15%, segundo dados da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp). Em função disso, o fluxo de navios atracados tem crescido dia após dia, com uma variação de 8,2%.
Tudo isso tem estimulado investimentos em terminais e compras de equipamentos para a ampliação dos serviços operacionais no porto. Na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), os processos em análise prevêem investimentos por parte dos terminais da ordem de R$ 900 milhões. Ou seja, a cada dia, cresce a presença da tecnologia. Basta ver que há 20 anos um navio de 500 contêineres exigia em média três dias em operação de carga ou descarga e, hoje, apenas duas horas.
Por parte da Codesp, estão previstos para os próximos anos investimentos de R$ 7 bilhões para atender à demanda de carga até o ano de 2024, quando o porto deverá alcançar a marca de 230 milhões de toneladas em movimentação. Além disso, as obras de expansão do porto nas ilhas de Barnabé e Bagres deverão consumir mais R$ 4,8 bilhões em investimentos.
Diante desses números, o que se pode esperar é que, depois de uma longa e dura fase de recuo, há de vir por aí um tempo de crescimento.