Terça, 26 Novembro 2024

Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC)

Se mais um indicativo de que a economia do País se aproxima de um novo ciclo virtuoso fosse necessário, basta o que o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) acaba de anunciar: a balança comercial fechou o primeiro semestre com o melhor saldo da história para o período. Nos seis primeiros meses do ano, o Brasil exportou US$ 36,2 bilhões a mais do que importou. De janeiro a junho, o saldo da balança comercial acumulou alta de 53,1% em relação ao primeiro semestre do ano passado.

De acordo com o MDIC, nos seis primeiros meses do ano, as exportações somaram US$ 107,7 bilhões, o quinto melhor primeiro semestre da história, com crescimento de 19,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Mais: as exportações de semimanufaturados aumentaram 17,5%, impulsionadas pelas vendas de semimanufaturados de ferro e aço (70,6%), ferro fundido (48,5%) e açúcar bruto (36,4%). Já as exportações de manufaturados subiram 10,1%, com destaque para óleos combustíveis (122%), veículos de carga (59,2%), açúcar refinado (56,5%) e automóveis (52,8%).

A boa performance do comércio exterior tem contribuído sobremaneira para a recuperação da indústria. Basta ver que, no primeiro semestre, o total de produtos vendidos a outros países chegou a US$ 37,7 bilhões, com uma evolução de 10,1% em comparação com o mesmo período de 2016. As exportações de semimanufaturados têm acompanhado esse crescimento, chegando à marca de US$ 15 bilhões, o que resultou num crescimento de 17,5% em relação ao mesmo período do ano passado.

Com isso, o governo, com base no crescimento nos preços internacionais e na quantidade exportada, já prevê um superávit de US$ 60 bilhões na balança comercial em 2017, depois de fazer uma estimativa de US$ 55 bilhões no começo do ano. Se isso se efetivar, será o melhor saldo comercial da história para o País, o que não será pouco, levando-se em conta as tribulações provocadas na economia por uma classe política que está longe de merecer o respeito do cidadão de bem.

É verdade que os números da balança foram beneficiados pela recuperação do preço das commodities (bens primários com cotação internacional), mas os dados positivos de vários setores mostram que, se não houver mais irresponsabilidade no trato das questões políticas, a perspectiva é que haja uma retomada na economia, depois de uma fase de recuo em precedentes na história do País, que deve ser atribuída à inaptidão política da ex-presidente e à incompetência de sua equipe econômica.

É verdade que as fábricas apresentam ainda uma capacidade ociosa em torno de 25%, que se reflete diretamente na compra de máquinas e equipamentos e no desemprego para boa parte do operariado, o que acaba por afetar também os setores de alimentos e vestuário e outros. Mas, seja como for, é indiscutível que o aumento nas exportações e importações aponta para uma retomada do crescimento econômico do Brasil.

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