João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical e analista político
Não se levando em conta os mirabolantes episódios da vida política e muito menos as desenxabidas campanhas eleitorais municipais, devemos concentrar nossa atenção no fundo do quadro, ou seja, na recessão e seus efeitos contra os trabalhadores e na resistência que eles, por meio do seu movimento sindical, oferecem a ela.
Os dados são impressionantes. Com a retração da economia o desemprego se avoluma; a ele se associa o alto número de acordos salariais com resultados inferiores à inflação ou parcelados. Contaminando ainda mais o ambiente sofre-se um repique inflacionário.
Nestas condições, o colchão social que vinha sendo o amortecedor da crise para os trabalhadores e suas famílias, se esgarça. As condições de sobrevivência à crise foram bem retratadas na série de reportagens de Cássia Almeida e Marcelo Corrêa em O Globo. As matérias dão conta de três coisas: a criatividade defensiva, a precariedade das soluções e o esgotamento das alternativas.
A resistência do movimento sindical – que vai muito além da resistência passiva – procura garantir unidade de ação, organização de campanhas salariais fortes e apresentação de alternativas.
É este tripé funcional – unidade, organização e alternativa – que define hoje a qualidade da luta dos trabalhadores e definirá amanhã, frente às agressões aos direitos, a quantidade e o peso das manifestações.
Por tudo isso, deve-se valorizar a iniciativa inédita dos sindicatos de metalúrgicos filiados a todas as centrais ao lançarem uma ação conjunta em defesa dos direitos trabalhistas e da aposentadoria e contra o desemprego e a terceirização, cujo primeiro passo será a paralisação no dia 29 de setembro, uma quinta-feira.
No momento devido, o fundo do quadro passará à frente da tela.