Quinta, 28 Março 2024

Adalberto Luis Val é pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA/MCTI) e membro do Conselho Administrativo da Fundação Bunge

A humanidade continuamente desenvolve e incorpora técnicas de produção, conservação e armazenamento de mantimentos. Apesar disso, o desafio do setor de produção de alimentos é hoje ainda maior, uma vez que temos que produzir mais em menos tempo. De acordo com estudo da Food and Agriculture Organization (FAO), só no setor de produção de alimentos de origem animal, a demanda deverá aumentar em 60% até 2050.

Para satisfazer essa demanda, a expectativa é que a produção mundial deve chegar a 22 bilhões de aves, 1 bilhão de porcos, 1,6 bilhões de bovinos e búfalos, 2 bilhões de ovelhas e cabras. Por isso, o setor está sob pressão significativa para melhorar suas técnicas de produção e de alimentação para esses animais, que garantam a produção em larga escala, mantendo a sustentabilidade do planeta.

Um dos principais passos que a humanidade tem que dar nessa direção é entender que a solução não virá com uma única fonte ou uma única área do conhecimento. Será necessário um esforço multi e interdisciplinar que, entre tantas iniciativas, também envolve o aprimoramento de pesquisas genéticas de espécies animais e de plantas para otimizar a produção. Neste ponto, além da óbvia importância dessas pesquisas para o melhoramento da cadeia produtiva, o fator Mudança Climática, que pode impactar diretamente a relação dos organismos com seus ambientes e a proliferação de pragas, exige esforços para o desenvolvimento de linhagens genéticas adaptadas e resistentes a novos cenários climáticos, bem como o mapeamento do risco potencial de pragas.

Outro ponto que precisa de atenção é a necessidade de melhorar a qualidade do forrageamento e da ração para animais sob criação. Além de nutritiva e que permita o melhor aproveitamento dos nutrientes, precisa ainda garantir a diminuição da emissão de gases do efeito estufa pelos animais no processo de digestão, tornando a cadeia de produção de proteína mais limpa e sustentável. Isso deve ser feito sem perder de vista a necessidade de garantir a qualidade desses produtos para o consumo da população, que cada vez mais leva em conta o impacto na saúde e bem-estar.

Espécies de plantas nativas com elevado valor energético e nutritivo para alimentação de animais se constituem numa alternativa ainda pouco explorada pelo Agronegócio. Além de algumas espécies serem perfeitas para uso como suplemento alimentar, também podem contribuir para expandir a produção em regiões pouco exploradas para este fim, como o semiárido brasileiro e as regiões mais áridas da África, por exemplo. Esta iniciativa é uma importante forma de aproveitar as potencialidades locais, diversificar as áreas produtoras e as espécies produzidas, e garantir a variabilidade genética e a segurança alimentar dessas regiões.

O relatório “O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo”, apresentado no ano passado pela Organização das Nações Unidas (ONU), indica que 795 milhões de pessoas ainda passam fome no mundo. O continente Africano ainda é a região do mundo que exige mais atenção. Cerca de 23,2% da população está subalimentada, o que representa 220 milhões de pessoas. Produzir alimento para enfrentar esse desafio é vital, principalmente porque essa situação pode se agravar em face das mudanças climáticas.

Neste sentido, é preciso usar a ciência cada vez mais, unindo informações científicas à capacidade produtiva da indústria para baratear o acesso às tecnologias de última geração. Além disso, é necessário garantir a escalabilidade desses produtos para que, de fato, resultem em alimentos na mesa de todos.

Para reconhecer e estimular os avanços na área de “Nutrição e Alimentação Animal”, este tema foi escolhido pela 61ª Edição do Prêmio Fundação Bunge. São grandes as expectativas das contribuições da academia sobre essa temática. O Prêmio Fundação Bunge foi concebido para incentivar a produção científica brasileira, homenagear o poder transformador dos indivíduos na sociedade e estimular novos talentos. Para atingirmos o nível de desenvolvimento que precisamos para o Brasil, é imprescindível o estímulo à produção científica nacional, nas mais diferentes áreas do conhecimento.

 

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