João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical
Considero que a grande tarefa estratégica atual do movimento dos trabalhadores é reconstruir passo a passo a unidade de ação das centrais sindicais com uma pauta de resistência e sem extravagâncias.
Isso tem sido difícil devido à instabilidade do quadro político e aos ressentimentos e desconfianças que se exacerbaram com o impedimento presidencial.
Mas, a forte recessão que agride os trabalhadores no emprego e nos salários e as propostas do governo interino que, obedecendo à sua equipe econômica, são também recessivas, vão fazendo que a unidade de ação que é necessária, seja também possível.
E, como amizade são gestos, o caminho da unidade vem sendo trilhado por meio de gestos muitos significativos.
Assinalo três deles, todos de conteúdo unitário indiscutível e que apontam o bom caminho.
Quando o presidente da Confederação Nacional da Indústria, em reunião com o vice-presidente em exercício, de uma maneira descabida e alucinada propôs a jornada de 80 horas semanais, as seis centrais reconhecidas ripostaram na bucha com uma nota unitária. Grandes e importantes sindicatos deram respaldo a esta manifestação tempestiva.
Agora, no dia 19, novamente as seis centrais reconhecidas realizam um ato conjunto contra os juros altos. São, no mutismo social e midiático sobre este descalabro, os únicos porta-vozes da necessidade premente de abaixamento dos juros e o fazem de maneira unânime.
O terceiro exemplo, que me enche de orgulho porque participei de sua articulação inteligente (obrigado companheiro Juruna! obrigado Centro de Memória Sindical!) é a nova edição do livro sobre a história do 1º de Maio, de José Luiz Del Roio, patrocinado pelas seis centrais reconhecidas e por mais de 30 outras entidades sindicais.
Para reforçar a tendência positiva e unitária retratada nestes três gestos, recomendo que os dirigentes preocupem-se também em agregar explicitamente em suas futuras iniciativas unitárias todas as centrais e as entidades independentes.