Jornalista especializado em comércio exterior, é doutor em Letras pela Universidade de São Paulo (USP) e autor de Direito e Justiça em Terras d´El Rei na São Paulo Colonial (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2015), entre outros
Dados da CBS Statistics Netherlands mostram que as exportações da Holanda cresceram quase seis vezes na última década em direção ao Brasil, "um mercado em forte crescimento", segundo a agência, à frente da China e Cingapura, cujas importações aumentaram quase quatro vezes, entre os países fora do círculo da União Europeia. A participação das exportações para países não pertencentes à UE nas exportações totais de produtos holandeses subiu de um quarto para mais de um terço no período.
Os dados mostram ainda que as exportações holandesas de máquinas e equipamentos de transporte para países fora da UE cresceram mais do que aquelas dirigidas para os países da UE. E que houve um crescimento substancial nas exportações de máquinas especiais para a Coréia do Sul, China, Taiwan, Japão e EUA. Mais: o Brasil emergiu como um mercado em crescimento para equipamentos destinados à indústria naval.
Os números mostram que há uma grande conexão entre Brasil e Holanda. Afinal, a Holanda aparece como o quinto principal parceiro comercial do Brasil. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a corrente de comércio (importações/exportações) entre os dois países de 2004 a 2014 cresceu mais de 150%, passando de US$ 6,5 bilhões para US$ 16,1 bilhões.
Em 2014, o superávit brasileiro foi de US$ 9,9 bilhões. Os holandeses exportam principalmente gasolina, óleos de petróleo, adubos e fertilizantes, produtos químicos orgânicos, plásticos, máquinas e aparelhos mecânicos, bebidas, queijos, ração animal e genética animal e de plantas e, por outro lado, importam soja, óleos de petróleo, minério de ferro, celulose, carne bovina e de aves, frutas e suco de laranja.
Nos últimos tempos, porém, esse relacionamento comercial tem baixado de intensidade. Em 2014, o Brasil exportou US$ 13 bilhões FOB, registrando uma queda de 24,79% em relação a 2013 (US$ 17,3 bilhões). Em produtos industrializados, as vendas foram de US$ 7,4 bilhões e, em produtos básicos, de US$ 5,6 bilhões. A tendência de queda tem-se mantido em 2015, pois até julho as exportações foram de US$ 5,9 bilhões FOB (variação de -29,09%), divididos entre US$ 3,47 bilhões em produtos industrializados e US$ 2,46 bilhões, em básicos.
Já as importações em 2014 foram de US$ 3,1 bilhões FOB, com um crescimento de 35,11% em relação a 2013 (US$ 2,3 bilhões). Em 2015, até julho, as importações chegaram a US$ 1,6 bilhão (variação de -12,05% em relação ao mesmo período de 2014). O Brasil importou majoritariamente produtos industrializados. De produtos básicos, foram US$ 70,493 milhões. É de se ressaltar que, segundo dados da CBS, os produtos holandeses são responsáveis por 56% do valor total das exportações daquela nação, enquanto as reexportações são responsáveis por 44%. Aqui é preciso acrescentar que reexportações compreendem produtos que são submetidos a processamento adicional no país ou produtos de transhipment/transbordo com os quais os portos holandeses muito contribuem para a economia local.
Diante desses números, se a chave para a retomada do crescimento econômico pelo Brasil é a exportação, como afirma o ministro Armando Monteiro, fica claro que o MDIC deve aproveitar o momento para procurar aumentar as vendas de produtos manufaturados e básicos ara a Holanda, revertendo a atual tendência de queda.