Sexta, 22 Novembro 2024

Presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC)

Alguns sinais emitidos nos últimos dias de Brasília indicam que o governo não vai continuar a investir em incentivos ao mercado interno, optando por uma agenda mais voltada à participação das empresas brasileiras no mercado internacional, além de estimular as multinacionais a usarem suas bases também como plataformas de exportação. Ainda bem. Aliás, é o que o último governo deveria ter feito, sem colocar a perder o mercado interno maior que foi conquistado.

Hoje, o importante é que haja uma abertura comercial que estimule o País a importar e exportar mais, o que significa favorecer a modernização do seu parque industrial. Para tanto, é preciso recuperar o tempo perdido nas duas últimas décadas, quando o Brasil praticamente não assinou acordos comerciais. É o que se vê hoje nas ações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Primeiro, foi o Memorando Bilateral sobre Facilitação de Comércio assinado em março com os Estados Unidos que estabelece linhas de ação conjuntas e concretas de cooperação entre os dois países.

Depois, o bom entendimento obtido com o México em relação à distribuição de cotas tarifárias de exportação prevista no Acordo de Complementação Econômica nº 55, que ampara o comércio de veículos entre os dois países, passando pela assinatura dos Acordos de Cooperação e Facilitação de Investimentos (ACFI) com Moçambique e Angola. Agora, o que se aguarda é um avanço nas negociações com a União Europeia para a formalização de um acordo comercial de grande amplitude.

Afinal, depois dos acordos setoriais assinados entre Argentina e China, parece que o Mercosul deixou de ser obstáculo para o estabelecimento de tratados bilaterais pelos demais parceiros. É preciso reconhecer que o bloco sul-americano trouxe uma atividade de comércio mais ampla e é, portanto, fundamental preservá-lo, mas não à custa do comprometimento da necessidade de o País evoluir economicamente.

Em outras palavras: o Brasil deve lutar pela integração com o Mercosul e também com o bloco do Pacífico, aproveitando-se da competitividade de seus produtos e das facilidades logísticas, mas não pode ficar limitado ao continente americano. Adotar uma agenda mais agressiva é uma imposição dos tempos.

Portanto, age bem o novo governo ao procurar maior integração com Estados Unidos, União Europeia e o bloco do Pacífico, sem esquecer também de aprofundar as relações comerciais com a China e outras nações da Ásia.  Afinal, se os Estados Unidos conseguirem chegar a acordos com a União Europeia e o bloco asiático, esses tratados praticamente irão determinar os padrões do comércio mundial tanto em termos de regulamentação aduaneira e tarifária quanto em exigências fitossanitárias e questões ambientais. Ficando de fora dessa integração, o Brasil, com certeza, será excluído de futuras negociações. E terá de aceitar as regras impostas pelos outros. Sem espaço para reclamar.

 

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