Diretor da Rica Comunicação especializada em agronegócio e produtor rural em Mato Grosso do Sul
Iniciamos 2015 com desafios ainda maiores para os brasileiros e com o sentimento de que o pior ainda está por vir. Na política uma desestabilização com reflexo direto em todos os setores que compõem a engrenagem econômica, os déficits rondam a macro e microeconomia e quem antes investia em ações da maior empresa do país, hoje abre os olhos para corrupção desmedida, no meio ambiente a escassez de água que assombra quem ontem nadava de braçada, as manifestações da classe hidroviária, aeroviária e de quem mais se possa imaginar.
Entre os setores impactados pelo atual cenário aparece o agronegócio, que mesmo com o decréscimo de 3,2% nas exportações de 2014, devem aos sojicultores e pecuaristas do Brasil, e principalmente, à população asiática, agradecimentos pela manutenção de uma imagem positiva, ainda que fragilizada. E mesmo com papel de destaque como liderança na balança comercial, discursos agronacionalistas podem perder a força e trazerem à tona as fraquezas de um setor que carece de estratégias quando o assunto é a auto-imagem.
A sugestão é de que os produtores rurais se reúnam e se adequem ao modismo estimulado pela Era dos Smartphones, publicando selfies do agronegócio brasileiro. Nessas imagens, sem filtros, certamente serão encontrados alguns defeitos posturais, alguns olhares desviados, mesmo que em belos ambientes que podem aparentar uma fotografia agradável ao olhar dos outros.
O objetivo é uma crítica construtiva para o fortalecimento da imagem de um setor que merece respeito, mas que a cada momento precisa ainda mais de união e de ações voltadas para seu marketing. Nesta cadeia estão homens e mulheres que investem diariamente em tecnologia e informação, estão cada vez mais antenados e lidam com desafios sequenciais como o MST, questões indígenas, Código Florestal, legislação trabalhista, custos de produção e outros, porém deixam a desejar no momento de unirem forças e se apresentarem da porteira para fora, em ações que vão além dos aspectos econômicos.
O agronegócio nunca esteve tanto em pauta como no ano de 2014, coincidentemente ano eleitoral. Imaginemos então o conjunto de posicionamento do homem do campo, aliado às contrapartidas eficazes do Governo Federal. O mesmo Governo que não estimula o desenvolvimento logístico e que acaba de anunciar R$ 156,1 bilhões para financiamento rural e uma expectativa de produção para a safra 2014/15 de 200 milhões de toneladas de grãos. Desse aumento de produção, quanto mesmo se deve à dedicação pública e qual o percentual que se deve à insistência do trabalhador? Assim como em outros setores privados, o sucesso está atrelado a quem paga imposto, empreende e sobrevive diante de um custo elevado e sem condições adequadas.
O ramo que responde por mais de 30 milhões de empregos e que gera mais de R$ 80 bilhões, para o equilíbrio da balança comercial brasileira precisa fortalecer sua auto-imagem e só atingirá maior êxito com a união da classe.
O setor que alimenta, veste e dá subsídio pode fazer mais por ele próprio, já que esperar ações da União neste momento, assim como em outros, seria um otimismo além do comum. Para que eu esteja errado e o pior não esteja por vir, que os agricultores enxerguem além da alta do dólar, que foco dos criadores sobressaiam os consecutivos recordes da arroba, que o ângulo escolhido destaque os defeitos a serem corrigidos e que no resultado final o autorretrato receba curtidas de outros segmentos por meritocracia.