Advogado e vice-presidente da Aerbras - Associação das Empresas de Radiocomunicação do Brasil
No Brasil ganha força a tendência mundial de acesso à internet por meio de dispositivo móveis, celulares e tablets. A razão para tal tendência é a possibilidade de resolver vários assuntos cotidianos via web, tais como realizar transações bancárias, obter informações e, é claro, comunicar-se gratuitamente, nas redes sociais e aplicativos, como What's up, Viber, Skype entre outros.
Segundo informações do Ibope de uma pesquisa encomendada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, o número de pessoas que declararam acessar a internet pelo celular cresceu 65%, ao passo que o acesso via computador caiu de 84% para 71%, no último ano.
Outro dado interessante da pesquisa quanto a comunicação de massa, é que embora a TV ainda seja o principal meio de comunicação no Brasil, os brasileiros com acesso à internet já passam mais tempo navegando na web (4h59min/seg a sexta), que assistindo TV (4h31min/seg a sexta). Na hierarquia das mídias de comunicação, a internet já ocupa o terceiro lugar, atrás do rádio e da TV.
Ocorre que, como tudo na vida, o sucesso estrondoso da internet também tem suas consequências e efeitos colaterais. Dentre eles podemos destacar a quantidade de viciados em web, que cresceu vertiginosamente. Um estudo recente em Hong Kong, revela que 6% dos internautas do mundo, cerca de 420 milhões de pessoas não conseguem se desconectar da rede. Para especialistas, o vício em internet é semelhante tanto em comportamento quanto em efeito ao vício de drogas, sendo a raiz do problema de ambas as compulsões a hiperatividade ou a depressão, entre outros.
A falta de privacidade na rede é outro problema de difícil solução. Esse assunto, intimamente ligado à segurança de informações na rede, estão na pauta dos grandes players da internet, como Google, Facebook, Amazon, entre outros. Com os recentes vazamentos de informações confidenciais de clientes ocorridos em cyberatacks, como o da Sony por exemplo, a questão certamente influenciará a confiança do consumidor e seu modo de se relacionar com a web.
Após a investida de hackers recente na Sony Pictures, que vazou informações confidenciais de diretores e atores, a vítima mais recente no cenário mundial foi a Coréia do Sul, que teve seus planos de reatores nucleares subtraídos. Esse é o quarto vazamento de informações confidenciais da Coreia Hydor & Nuclear Power.
Vale salientar que esse último cyberatack ocorre tendo como pano de fundo a troca de acusações formais entre EUA e Coréia do Norte, responsabilizada pelo atentado à Sony Pictures, que teoricamente seria uma retaliação a um filme da empresa com alusão a Kim Jong Un.
Em um mundo cada vez mais virtualizado e globalizado, cada vez será mais relevante a preocupação de corporações e Estados com a segurança da informação na web. Nesse contexto a ITU - International Union Telecommunication, agência da ONU especializada no assunto, também recentemente atacada no início deste mês por hackers, promoveu um encontro dia 09 passado em Doha, especialmente para tratar do tema Segurança Cibernética na rede.
Segundo a ITU, a segurança na web terá de ser construída num ambiente de cooperação entre nações e com a participação de todas as indústrias e setores das telecomunicações em âmbito mundial. Foram definidas como metas no encontro, a promoção de estratégias entre governos para combater cyber criminosos, implementação de esforços entre indústrias de telecomunicações, universidades e ONG's do setor, bem como o debate de políticas de estímulo e conscientização de uma cultura de segurança na web em todo o mundo.