Por Pedro Raffy Vartanian, professor de Economia do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA), da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM)
A Armênia vivenciou um período de forte crescimento econômico desde o início da década passada até o ano de 2009. No período 2001-2008, a taxa média anual de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas de um país produzidas em um ano, foi de 12%. Em 2009, entretanto, como reflexo da crise financeira internacional que se iniciou nos EUA e afetou países desenvolvidos e em desenvolvimento, a economia da Armênia sofreu uma forte recessão econômica, com uma queda de 14% no PIB.
Felizmente, a economia vem se recuperando com o auxílio de programas internacionais de empréstimos vindos do FMI (Fundo Monetário Internacional), Rússia e outras instituições e a economia vem apresentando uma taxa de crescimento anual média situada em torno de 5,5% ao ano.
Quando a Armênia fazia parte da Ex-União Soviética, ocorreu o desenvolvimento industrial nos setores de manufaturas e têxtil. Tais produtos eram exportados para outros países da União Soviética, incluindo a Rússia. Na pauta de importações predominavam matérias-primas e energia mas, com o fim da União Soviética vieram algumas dificuldades para o crescimento da economia diante do problema de suprimento de energia. No início da década passada o sistema de distribuição de energia foi privatizado e, atualmente, parcela expressiva da infraestrutura da Armênia é administrada por empresas russas, o que mostra certa dependência econômica nesse quesito visto que, pelas características geopolíticas, a economia da Armênia é fortemente relacionada com a economia Russa. Para solucionar o problema do suprimento de energia, foi concluída em 2008 a construção de um gasoduto para levar gás natural do Irã para a Armênia e, em 2010, a Usina Termelétrica de Yerevan.
O gráfico a seguir apresenta a taxa de crescimento do PIB. Conforme pode ser observado, a Armênia apresentou elevadas taxas de crescimento do PIB até 2008, quando a economia passou a sentir os efeitos da crise internacional.
Assim, o país sentiu uma forte recessão em 2009, decorrente de uma desaceleração na Rússia, que por sua vez foi afetada pela crise financeira dos Estados Unidos. Os dois principais fatores que culminaram na recessão foram a redução de remessas financeiras de armênios da Rússia (uma importante fonte de moeda estrangeira para a Armênia), e uma forte queda no setor de construção civil.
Paralelamente, a Armênia tem uma pauta pouco diversificada de exportações e monopólios que controlam setores importantes da economia e reduzem a competitividade dos produtos no mercado internacional. Adicionalmente, a Armênia enfrenta um relativo isolamento geográfico, pois tem apenas duas fronteiras comerciais abertas, com o Irã e com a Geórgia, já que a fronteira com o Azerbaijão foi fechada em 1991 em decorrência do conflito sobre a região separatista de Nagorno Karabahg, que é de maioria armênia e se declarou autônoma, mas que não é reconhecida internacionalmente. Em apoio ao Azerbaijão, a Turquia também fechou suas fronteiras comerciais em 1993, com o propósito de dificultar o desenvolvimento econômico da Armênia e, nos últimos anos, ocorreram algumas tentativas de negociação com a Turquia para a abertura dessas fronteiras. Em 2013, o governo armênio anunciou o ingresso em uma união aduaneira (como o Mercosul) com a Rússia, Bielorrússia e o Cazaquistão em uma tentativa de ampliar o comércio internacional e como parte da estratégia política da Rússia em ampliar a influência sobre os países da região.
A despeito dos problemas anteriormente relacionados, que decorrem da desintegração da União Soviética e da necessidade de correção de questões históricas importantes para o povo armênio, a economia vem apresentando taxas de crescimento no triênio 2011-2013 superior à média de países desenvolvidos e em desenvolvimento. Adicionalmente, pelo potencial de crescimento econômico, a Armênia vem recebendo ingressos de investimento direto estrangeiro, o que deve tornar a economia mais dinâmica no futuro, com diversificação da pauta de exportações.
Restará ainda, para solucionar parte dos problemas econômicos, reduzir a dependência com a Rússia e ampliar o comércio com outras regiões, como por exemplo, com a Europa, e avançar nas reformas para a consolidação de um país democrático com redução dos níveis de corrupção e com uma indústria competitiva no cenário mundial. Considerando as inúmeras dificuldades pelas quais o povo armênio e a Armênia enfrentaram ao longo da história, pode-se afirmar que a economia vem se desenvolvendo com desempenho médio superior ao de muitos outros países da região e do mundo.