* por Rogério Torchio - diretor da Prosperity Consulting
Sabia que existe um dia dedicado à logística? Comemora-se no dia 6 de junho e a origem da data deriva-se as operações militares e de guerra. Foi justamente neste dia, no ano de 1944, que as forças aliadas desembarcaram na Europa, onde possivelmente ocorreu o maior movimento logístico já conhecido da história, o dia conhecido, como o dia “D”. É história e é bom lembrá-la, mas como profissional da área, frequentemente, sou abordado por alguns questionamentos. A logística está evoluindo? Nosso país está evoluindo? Quais são os nossos principais desafios? Para responder estas questões, vamos retroceder para uma época não muito distante à década de 80.
O Brasil vivia um momento de inflação alta, recessão mundial e reserva de mercado, a tecnologia que encontrávamos lá fora tinha uma grande barreira de entrada em nosso país. Nesse cenário, que também não tinha uma concorrência interna ou externa forte, os desperdícios na cadeia produtiva não eram destaques, pois o foco era direcionado para as operações financeiras, cujo rendimento ditava o resultado das empresas. Na segunda metade dos anos 90, o conceito de logística integrada ganha força e grandes universidades no mundo começam a dar mais “musculatura” para as disciplinas de Logística e, nesta fase, o professor Douglas Lambert criou um diagrama famoso até hoje, com os conceitos de trade off de custo e a interface entre logística e marketing.
Passada a década de 90, entramos no novo milênio com novas tecnologias e as grandes corporações começaram a implantar ERP integrados como o SAP, Oracle e Microsiga. Obter dados começou a deixar de ser um problema e o foco passou para a forma como seriam tratadas as informações. Começamos a falar em Supply Chain, cadeias colaborativas e simulações. Tudo isso, para concluir que nesses últimos 30 anos, o mercado se mobilizou e trabalhou muito no sentido de valorizar profissionais, buscar boas práticas (algumas internacionais) e aperfeiçoar conceitos. Quem acompanhou e vivenciou estas décadas viram uma evolução constante nos processos e profissionalização do mercado, porém, quando olhamos para a infraestrutura, o negócio é totalmente diferente. O governo não fez a parte dele e não trabalhou no mesmo ritmo. Faltam estradas, planejamento urbano, segurança, apenas para dizer alguns pontos. Cidades como Rio de Janeiro e São Paulo vivem um verdadeiro caos urbano e a distribuição física já chega a ser mais cara do que no interior de seus Estados, por onde a distância percorrida é maior.
Recentemente, em uma pesquisa realizada pelo Banco Mundial, constatamos o resumo da inoperância do nosso Estado na infraestrutura e logística nacional: o Brasil caiu 20 posições no ranking mundial do índice de logística. Esse índice avalia vários fatores para montar o ranking geral - qualidade da infraestrutura de transporte, de serviços e a eficiência do processo de liberação nas alfândegas, rastreamento de cargas, cumprimento dos prazos das entregas e facilidade de encontrar fretes com preços competitivos. Fizemos profissionais mais preparados (apesar de longe do ideal), aperfeiçoamos a forma de atender um país com dimensões continentais, que possui características específicas por região, e até mesmo foi necessário vencer bandidos. As empresas tornaram-se especialistas no trato e na prevenção de atividades criminosas com processos de gerenciamento de risco mais robustos. Contudo, na mesma medida que celebramos de um lado, temos muito que lamentar de outro, quando olhamos a evolução de nossa infraestrutura e todos os gargalos que somos submetidos diariamente. Desafio? Os desafios são muitos e não deixa de passar por uma pressão maior do Estado brasileiro para concluir os projetos que resolveriam os gargalos logísticos, tanto do ponto de vista de investimentos quanto de legislação. O Brasil é o país do futuro? Sim, mas esse futuro já chegou. Os profissionais de Logística sempre fizeram a diferença e continuarão fazendo, tornando os serviços melhores. Independente do nosso dia, devemos sempre celebrar.