Por Reginaldo Gonçalves, coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina - FASM
A Arena Corinthians, entregue oficialmente ao time paulista nesta terça-feira (15) pela construtora responsável pelas obras, está alterando todas as perspectivas da região de Itaquera, zona leste da cidade de São Paulo, e irá favorecer a integração com os bairros próximos e com a região do Alto Tietê, que compreende alguns municípios da Grande São Paulo, além de Guarulhos e ABCD. O crescimento do comércio, novas instituições de ensino, hospital e as obras de infraestrutura, incluindo o novo terminal rodoviário integrado à ferrovia e ao metro, aumentará o número de empresas e contratações, permitindo a melhoria da qualidade de vida de sua população. Já é perceptível o movimento imobiliário que vem valorizando significativamente os imóveis locais.
De acordo com dados da Prefeitura do Município de São Paulo a região onde está inserido o bairro de Itaquera tem cerca de 298,8 quilômetros quadrados e 3,6 milhões de habitantes. Somente a Zona Leste representa cerca de 33% da população de 10,7 milhões de habitantes da cidade. Em um país onde a desigualdade social é grave, vários distritos da Zona Leste estão entre os piores em relação ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que mede a vulnerabilidade à morte, privação de conhecimento e padrão de vida digno. Cerca de 65,6% dos habitantes têm entre 15 e 59 anos, o que os insere na faixa de população economicamente ativa.
Durante muitos anos, a região de Itaquera e os bairros vizinhos foram excluídos de investimentos voltados à melhoria da qualidade de vida, seja no transporte, habitação, saúde ou educação. Esta situação somente está sendo minimizada graças a parceria público privada que iniciou através de Organizações Não Governamentais (ONGs) e empresas do terceiro setor, voltadas especialmente para a cobertura da saúde e agora a Arena Corinthians. Entre elas, podemos citar a implantação da ETEC e FATEC, a possibilidade de implantação de Centro Comercial, a extensão do Rodoanel que atenderá a região do Alto Tietê, além do incremento de empresas na região. Tal movimento gera a necessidade de profissionais qualificados para serem facilitadores dos novos negócios que beneficiarão uma série de micro e pequenas empresas.
Deverão ser despendidos todos os esforços para a qualificação profissional da população local, para que esta possa auxiliar os empresários neste crescimento, fundamental para a melhoria contínua do entorno e, consequentemente, da qualidade de vida de todos.
Apesar desse cenário de boas perspectivas e algumas iniciativas, a região ainda é carente de especialistas em áreas essenciais aos negócios, como contadores e administradores. A competência aliada à prática poderá modificar o perfil das empresas locais e torná-las mais competitivas no cenário econômico regional.
Em função da situação de desigualdade social na região, é significativa a constituição de empresas no terceiro setor. São ONG´s de todas as áreas de atividade, sendo criadas para minimizar a situação de carência educacional, financeira e da saúde. A sua manutenção depende de prestações de contas que sejam feitas de forma eficiente, garantindo a continuidade dos serviços.
A carência profissional existente se estende além do entorno. Mesmo com profissionais sendo formados, inclusive na região, a migração para outras localidades, em virtude de um maior potencial salarial, é evidente. As mudanças regionais e de infraestrutura e logística já começam a mudar esse perfil. O preparo de profissionais com competências agregadas e com conhecimento das necessidades da região poderá ser um facilitador para melhora regional e maior interesse por novas empresas a se instalarem na região.
Preocupações extras vêm sendo percebidas, como mudanças na legislação, pressão do governo por mais impostos e a necessidade de manutenção da mão de obra. Entretanto, na área contábil e administrativa há um apagão, em virtude do aumento das exigências por profissionais mais qualificados. Pesquisa realizada pela consultoria Grant Thornton em 2011 já coloca o aspecto burocrático exigido pelos órgãos públicos como limitador na capacidade de crescer e expandir as empresas brasileiras.
Aos profissionais da área contábil e administrativa cabe o compromisso de agirem de forma ética e responsável na condução dos negócios das organizações para que esse quadro se reverta, principalmente observando as atividades empreendedoras que possam melhorar a qualidade de vida de uma população carente, mas que demonstra vontade e esforço para promover mudanças. Esse é o momento de Itaquera, bairros e municípios limítrofes aproveitarem o potencial de crescimento que será gerado pela Arena Corinthians para estimular os empreendedores como um todo.