O Porto de Santos não sofre de falta de concorrência, sofre de falta de governo. Enquanto armadores e terminais fazem malabarismos dignos de circo para manter o comércio exterior funcionando, Brasília e a APS continuam de braços cruzados, como se filas de 36 horas fossem apenas um detalhe.
É como se o maior porto da América Latina fosse um banco com apenas três caixas abertos na hora do almoço. Resultado: filas quilométricas, prejuízos de R$ 1,6 bilhão por ano e navios desistindo de parar em Santos. E o que faz o Estado? Promete soluções para 2034. Ora, até lá já teremos inventado o teletransporte de contêineres.
A controvérsia da licitação da PPP do STS 10 é a cereja do bolo. O projeto que deveria ampliar a capacidade virou novela mexicana: capítulos intermináveis, muito drama e zero entrega. Enquanto isso, quem lucra com o caos faz lobby para manter tudo como está. Afinal, fila longa significa contrato caro.
Os políticos precisam ouvir: não há problema de mercado, há problema de capacidade. E capacidade não se resolve com discursos, mas com berços novos, áreas ampliadas e coragem para enfrentar interesses instalados.
Armadores e terminais já fazem milagres: manobras arriscadas de navios gigantes, guindastes milionários comprados para ficar de “standby” e operações sincronizadas que parecem coreografia de escola de samba. Mas milagres não são política pública.
Eu desafio os governantes: parem de matar o mensageiro e enfrentem a realidade. O Brasil não pode esperar até 2034. O Porto de Santos exige ação agora.
Porque, convenhamos, se o governo continuar nessa lentidão, daqui a pouco os navios vão preferir atracar na Lua — pelo menos lá não tem fila. 🚀
Carlos Magano, Engenheiro Civil, ex-funcionário de carreira e ex-diretor de operação do Porto de Santos.








