* Professora de Economia e diretora da Área de Sucesso Docente e Discente da ESPM. Doutora e Mestre em Economia de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas.
Existem enormes desafios para Fernando Haddad como novo ministro da Fazenda. Temos uma agenda de debates que se concentrou na política fiscal que olha essencialmente para a solvência governamental no longo prazo. Da mesma forma, ou com mesma intensidade há forte rejeição a uma política econômica intervencionista no sentido de se revelar uma agenda de escolhas políticas.
É em torno destes medos e da necessidade de criar uma agenda propositiva, inclusiva e indutora de crescimento econômico que se desenvolveu a escolha do futuro Ministro da Economia. A escolha por Haddad aparece em uma antiga configuração da área, dissolvendo o Ministério da Economia do atual governo.
Haddad é excelente gestor público. Seu passado na Secretaria de Finanças, na prefeitura da cidade de São Paulo e no Ministério da Educação, revelam sua habilidade na composição de equipes, definição de agenda, comportamento ético, comprometimento e entregas estratégicas e relevantes. É claramente um grande negociador político e estrategista. Terá habilidade em fazer uma política econômica direcionada ao crescimento mantendo a evolução da dívida sob controle. Seu compromisso com o equilíbrio fiscal e senso de urgência se revelou quando apoiou o ex-ministro da economia Joaquim Levy, na tentativa de ajuste fiscal do governo de Dilma Rousseff. É um nome capaz de afastar os temores de uma intervenção com agenda política no mercado e, em lugar disso, capitanear um Estado capaz de promover orientação ao desenvolvimento econômico, articulador e apoiador de estratégias que gerem renda e emprego.
Esperamos que o anúncio do nome para a pasta acalme o mercado. Ao mesmo tempo, o impacto inicial esperado era um aumento na taxa de câmbio e uma queda na bolsa. Movimentos de tesouraria que vão se ajustar ao novo desenho e que, ao que parece, já foram parcialmente realizados.
O que se espera de Haddad?
Retomada do crescimento econômico apoiado fortemente na recuperação do consumo e ações de mitigação da desigualdade e direcionadas à redução da miséria. Uso das instituições públicas em favor da oferta de crédito e incentivos fiscais no curto prazo com diálogo e articulação para uma agenda de crescimento da renda e do emprego e inserção econômica internacional relevante em um cenário global desafiador.