Sábado, 23 Novembro 2024

thomasgautier* Head de Mercado Rodoviário da Edenred Brasil

O tema do momento para o setor de logística – e tantos outros – é a mudança no comportamento das pessoas e do consumo após o surgimento da pandemia de covid-19, que atingiu o mundo inteiro com uma magnitude inesperada. Mas como agir de maneira rápida e eficiente diante do novo?

A pergunta vale tanto para o setor, sob o aspecto da adaptação das empresas, quanto para os profissionais diante de tantas mudanças. Durante o 1º Rodoviário Experience, live que contou com a expertise das soluções da Repom - como a Expers Frota (parceria com a Raízen) – e do Freto, tive a oportunidade de trocar informações com André Prado, CEO do Grupo BBM; Maurício Lima, sócio-diretor da ILOS; e Leandro Bustamante, gerente-geral de logística da ArcelorMital, que são referência no setor de logística, e a conclusão sobre o momento que vivemos foi unânime: só conseguimos lidar com as transformações impostas por causa de um aspecto muito importante e sobre o qual precisamos refletir: a tecnologia.

Claro que as empresas que já estavam com o terreno mais firme no campo da digitalização acabaram por se adequar de forma mais rápida do que outras, que tiveram de correr atrás do prejuízo, já com o isolamento social valendo no país. Um movimento forte no varejo foi o crescimento do e-commerce, que já era relevante no país. De acordo com a plataforma Nuvemshop, as vendas do comércio eletrônico cresceram 145% no Brasil no primeiro semestre deste ano. Além disso, precisamos destacar o papel essencial de alguns segmentos durante a pandemia, como o de alimentos e produtos relacionados à saúde e cuidados pessoais, que viram sua demanda aumentar desde março.

Com essas e outras mudanças impulsionadas pela covid-19, os pequenos negócios também tiveram de se adaptar e passar a vender pela internet. O cenário, tornou-se, então, um terreno fértil para o setor logístico se reinventar e se adaptar. Por conta disso, os marketplaces passaram a agregar mais marcas e os centros de distribuição estão cada vez mais urbanos – e não localizados em grandes rodovias -, em busca de conexões com o pequeno varejista e integração da coleta do produto com a entrega, favorecendo uma melhor experiência ao consumidor, que obtém suas compras mais rapidamente, e humanizando o setor, tendência que costumo chamar de "humanologística".

Entendemos que o consumidor que migrou para o digital durante a pandemia por lá ficará, mas é esperado que uma parcela volte ao mundo físico. Por isso, é importante que as companhias tenham uma visão cada vez mais omnichannel (multicanal), como costumamos chamar no nosso setor, a fim de que a estratégia de vendas seja mais clara entre os canais, e, assim, melhore a experiência do consumidor que quer ora comprar sua roupa na loja, ora comprar pelo site e receber na loja e por aí vai...

Negócios que ainda tinham medo da digitalização se viram diante de uma realidade que dizia: "não há mais nenhuma forma de atuar, senão esta". Segundo pesquisa da McKinsey com executivos de supply chain, realizada em setembro, 93% deles planejam aumentar a resiliência das cadeias, 90% desejam aumentar a digitalização dos times em digital supply chain e 54% esperam mudanças no planejamento das cadeias no pós-pandemia. Os dados do estudo revelam uma preocupação das empresas com uma cadeia de suprimentos mais sustentável, em todos os seus pontos de contato.

Embora ainda não tenhamos todas as respostas sobre o que nos aguarda após a pandemia, a Divisão de Frotas e Soluções de Mobilidade da Edenred Brasil já trouxe muitos aprendizados para o setor, incluindo uma das grandes tendências que identificamos: a multimobilidade, que contempla as novas necessidades da logística de carga e mobilidade de pessoas e pode ser exemplificada pelo marketplace Freto, criado por nós há um ano e meio. O aplicativo representou uma alternativa para muitos caminhoneiros, que passaram a se conectar a cargas em apenas um clique.

O futuro, que mais do que nunca já é presente, pede tecnologia, colaboração, inovação e, acima de tudo, humanidade. Um setor que se reinventou durante o isolamento precisa, mais do que nunca, se fazer presente.

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