Quinta, 28 Novembro 2024

Rogério Andrade é líder de Supply Chain da Monsanto para a América do Sul

Como a logística multimodal pode transformar sua eficiênciaEm tempos de crise econômica a palavra-chave que mais se ouve é eficiência. Na realidade, a busca incessante por maior eficiência é uma constante em nosso mundo. Na logística, um processo complexo que envolve muitas etapas e o trabalho de muita gente, não é diferente. No Brasil, o agronegócio é um exemplo. O setor vem crescendo ano após ano e hoje, o País é o terceiro maior exportador de produtos agrícolas do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da União Europeia.

Mas o transporte da produção ainda é feito, predominantemente, por rodovias. Cerca de 60% da matriz do transporte de cargas se concentram nessa modalidade, de acordo com dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT) e da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU).

A agricultura brasileira modernizou-se e, aliada a condições climáticas e territoriais favoráveis, aumentou – e muito – sua produtividade, principalmente de grãos. A pressão sobre os modais logísticos para escoamento de safra cresceu, na mesma medida em que a demanda do produtor por serviços logísticos mais eficientes.

Atender às necessidades do agricultor, ao mesmo tempo em que se otimiza processos, operações e custos, é um desafio diário para a indústria. Envolve complexas análises de recursos e de variáveis. Assim, as empresas do agro têm de se reinventar para encontrar as melhores soluções a cada dia.

Para alcançar a tão falada eficiência logística, uma das soluções almejadas é o transporte multimodal. Ou seja, usar mais de um meio de transporte. As vantagens do multimodal são muitas. Entre elas estão reduzir o número de veículos nas estradas, otimizar os custos logísticos, minimizar as emissões de CO2 e de consumo de combustível, além de aumentar a capacidade de carregamento.

Nesse cenário, a integração da cadeia de suprimentos tem se mostrado uma promissora solução para fazer frente aos desafios diários da logística nacional. Porém, isso exige das empresas de agronegócio um bom planejamento e sincronia das funções de originação, de produção e de entrega de produtos, para garantir a otimização de ponta a ponta da operação.

Dentro de uma empresa de agro, quando o assunto é integração da cadeia, é necessário voltar a atenção aos processos, sistemas e ferramentas que ajudem nisso. Significa desburocratizar e investir em gestão. Isso tudo exige muita análise de cenários, como por exemplo, estudar o desenho de malha ferroviária que se pretende utilizar. E, esse processo de mudança tem de ser suportado por estudos de viabilidade e benefícios de cada iniciativa, por redesenhos de processos e adoção de softwares que ajudem a monitorar com atenção cada uma das etapas.

A adoção da multimodalidade colaborativa e a gestão mais eficaz da cadeia logística podem ajudar a diminuir gastos e aumentar a eficiência dos negócios tanto para as empresas de agro quanto para o produtor rural. A adoção de software de monitoramento de transporte, por exemplo, pode trazer várias melhorias e benefícios para a empresa e para o cliente. Como rastreamento de carga em tempo real e mitigação dos riscos de avarias e sinistros. Além de redução dos riscos de entrega das matérias-primas para produção e de um menor índice de roubo de cargas.

É claro que o multimodal não é a solução para todos os problemas logísticos, mas colabora significativamente para melhorar a operação da cadeia agroindustrial. O importante é ter em mente que buscar a eficiência é estar aberto a mudanças e com isso entender que a nova forma de operar é estar em contínua transformação.

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