Luciano Barreto, country manager da Almundo no Brasil, plataforma de viagens multicanal com operações na Argentina, México, Colômbia e Brasil
Mensurar o potencial turístico de uma região tão culturalmente diversa e ampla como a América Latina com certeza não é tarefa fácil. Do extremo Sul do Chile ao Norte do México, temos a maior densidade populacional do planeta e lugares absolutamente incríveis a serem apreciados e redescobertos, assim como grandes desafios para despertar o interesse dos visitantes.
De acordo com levantamento da Forward Keys, que prevê tendências ao analisar mais de 17 milhões de reservas diárias, o número de origens internacionais com destino à macrorregião no primeiro semestre de 2018 está em amplo crescimento, com alta de 9,3% em relação ao ano passado. Nesse quesito, a Argentina vem na liderança, com um aumento de 16,6% e destinos majoritariamente voltados aos países vizinhos.
Nessa mesma pesquisa, o Brasil aparece em segundo lugar, com um salto de 14,2%, mas com a diferença de viagens mais voltadas à Europa, Estados Unidos e Canadá. Contudo, nota-se o crescimento de brasileiros que viajam internamente, fruto da abertura de novas rotas aéreas, aumento do dólar e impulso do ecoturismo e do turismo regional, o que vem incorporando destinos internos até então desconhecidos. Em 2018, o ritmo de crescimento do turismo emissor latino-americano já acelera em relação a 2017, que encerrou com alta de 6,8%.
Aprendemos que os turistas querem ir a lugares onde se sintam bem-vindos e seguros, e os destinos em que o setor é mais aberto e sustentável saem na frente, já que transmitem real sensação de hospitalidade. Aliás, de acordo com estudo inédito da Organização Mundial do Turismo (OMT), turismo bem estruturado é gerador e indicador de paz.
Ao levar em conta esse contexto, a América Latina ganha destaque, ainda mais se observarmos que países como México, Colômbia, Peru, Chile e Argentina investiram e se reinventaram no setor, o que contrasta com as crises políticas e de segurança em outras partes do mundo.
O mercado local precisa estar preparado e oferecer um modelo de negócios diferenciado, focado em entender as particularidades dos viajantes e em desenvolver maneiras mais simples para pesquisas de viagens multicanal totalmente customizáveis pelos consumidores.
Desta forma, todos os players terão condição de atingir nichos importantes, como as viagens ligadas exclusivamente ao bem-estar, ao autoconhecimento e à natureza. A previsão é de que nos próximos cinco anos esse segmento cresça até 50% mais rápido do que o turismo em geral. A modalidade já é responsável por movimentar US$ 494 bilhões no mundo, de acordo com o Global Wellness Institute.
Há outra importante tendência em voga entre a nova geração de viajantes: o volunturismo. Pesquisas mostram que o número de pessoas que pretende incluir em suas férias alguma atividade de voluntariado é cada vez maior, e a faixa etária que impulsiona esse crescimento no mundo é exatamente as dos nascidos entre as décadas de 1980 e 1990. Segundo o Voluntourism Institute, até 2020 teremos 20 milhões de pessoas que viajam anualmente com esse propósito.
Os países da América Latina, com todas as suas carências socioeconômicas, são locais absolutamente propícios a esse tipo de iniciativa. Cabe às empresas do setor desenvolver programas mais segmentados para atender a todos os perfis de turistas e, por meio de inovação e tecnologia, oferecer serviços diferenciados e que agreguem valor para a experiência ser inesquecível.