Quarta, 27 Novembro 2024

Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC)

Estudo preliminar do Plano Mestre do Porto de Santos, preparado por técnicos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em parceria com o Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil (MTPAC), explica em números aquilo que já se sabia há muito tempo: se o complexo marítimo mantiver a média de crescimento anual de 2,1% – em 2017 foram movimentadas 129,6 milhões de toneladas –, em 2021 chegará a 152 milhões. E, a se levar em conta o ritmo atual das obras de remodelação, haverá um colapso nos acessos rodoviários ao porto, pelo menos em sua margem direita.

Já na margem esquerda, no lado do Guarujá, o esgotamento do acesso nas rodovias deverá ocorrer por volta de 2025. O estudo prevê que, nos próximos anos, a tendência é que as cargas conteinerizadas ampliem sua participação na movimentação de 35% para 40%. As operações com contêineres deverão crescer 4,27% entre 2017 e 2021, ou seja, de 3,8 milhões de TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) movimentadas em 2017, passarão para 4,2 milhões de TEUs em 2021 e 4,8 milhões em 2025. Segundo o estudo, a atual capacidade do porto para atender à demanda ser&aacu te; suficiente até 2045.

Já os granéis sólidos vegetais deverão cair dos atuais 42% para 36% do total movimentado, a se levar em consideração que a malha ferroviária será expandida na região Centro-Oeste, facilitando o escoamento da produção agrícola para os portos do Arco Norte (Itacoatiara AM, Santarém-PA, Vila do Conde-PA, Itaqui-MA, Salvador-BA e Ilhéus-BA).

Seja como for, o que está evidente é que há necessidade urgente de investimentos maciços no sistema viário que leva ao cais santista, especialmente na rodovia Manoel Hipólito Rego (Piaçaguera-Guarujá), na via Anchieta e na Domênico Rangoni, que deverão estar saturadas a partir de 2025. Já para a rodovia dos Imigrantes e o Trecho Sul do Rodoanel, o estudo prevê problemas maiores a partir de 2045, mas não se deve esquecer que, por erro dos técnicos que projetaram a Imigrantes, não é permitida a descida de caminhões nem de ônibus, em razão do seu declive muito acentuado.

A saída para esse cenário de caos passa, obviamente, pela ampliação da malha ferroviária, já que as cargas que utilizam esse modal deverão ter o seu montante duplicado até 2040 e quadruplicado até 2060. Alternativa concomitante é a utilização maior do modal hidroviário, que começou a ser explorado só recentemente.

Tudo isso será possível se a ampliação da utilização desses modais vier acompanhada por ações que estimulem a execução de obras de infraestrutura e a adequação do canal de navegação para que o porto tenha condições de receber navios de maiores dimensões, seguindo a tendência mundial. Afinal, a construção de uma plataforma off shore (no mar) para receber supercargueiros não passou de um sonho de verão.

 

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