Quarta, 27 Novembro 2024

Robson Wanka é Gerente de Educação do Senai CETIQT; formado em Engenharia Industrial Elétrica, com mestrado em Metrologia Científica e Industrial

O futuro já chegou à indústria da moda. A forma de fazer e de consumir moda vem passando por diversas transformações e a movimentação para pôr em prática os processos de criação e produção da roupa que vamos ver nas ruas daqui a poucos anos está a todo vapor. Bem-vindo, portanto, à 4ª Revolução Industrial.

Assim como na primeira grande transformação dos meios de produção, que resultou na Revolução Industrial no século XVIII na Inglaterra, o setor têxtil está novamente atuando como protagonista nesta 4ª Revolução Industrial que está diante de nossos olhos. A primeira planta piloto de Confecção 4.0 foi criada no Brasil no ano passado e desde então vem funcionando como uma escola modelo para que empresários, executivos, designers e demais representantes das cadeias têxtil, de confecção e moda conheçam as novas tecnologias que vão transformar os processos de manufatura, com inovação e interação entre a automação e a “internet das coisas”. A conectividade é a chave para toda essa transformação.

A movimentação que vem ocorrendo internacionalmente é extremamente veloz. Hoje temos em pesquisa avançada a reciclagem de materiais para transformação em fibras têxteis, por exemplo, além da "Wearable Technology" - ou “Tecnologia Vestível” –, em que a tendência são roupas e acessórios confeccionados com tecidos e materiais inteligentes, capazes de captar a energia solar e cinética para alimentar os wearables instalados na trama do material. E como é possível produzir isso tudo? IoT (Internet of Things) – ou Internet das Coisas – é a resposta. Máquinas, sistemas e produto final totalmente conectados de acordo com a necessidade de cada consumidor. A forma de consumir roupa está mudando e o cliente quer, cada dia mais, produtos personalizados, exclusivos, que atendam às suas necessidades específicas. Seja uma blusa que muda de cor ao toque de um botão ou uma que monitore a pressão arterial, ou até mesmo uma calça na qual a trama do tecido tenha sensores que monitoram e auxiliam os exercícios físicos, como um personal trainer de inteligência artificial.

Tenho rodado continentes e fico satisfeito em constatar que caminhamos lado a lado com o que há de melhor no mundo em termos de Indústria 4.0. As empresas brasileiras estão percebendo a necessidade de absorver as novidades. O empresariado têxtil já se movimenta para acompanhar essa transformação e não perder o bonde da história. Atualmente, mais de 40 CEOs e executivos de indústrias têxteis e de confecção de todo o país estão unidos para elaborar os primeiros projetos brasileiros em Confecção 4.0 por meio do MBI em Industria 4.0 promovido pelo SENAI CETIQT, instituição do Rio de Janeiro que é referência em tecnologia, consultoria e formação de mão de obra para o setor têxtil.

O caminho é longo, mas já começou com ações pontuais em todo o mundo. Porém a implantação de todo o processo, aos moldes da Confecção 4.0, deve acontecer nos próximos anos. Alemanha e Estados Unidos, que são os precursores, também não estão prontos ainda. Mas no Brasil o tiro de largada já foi dado. E estamos começando da forma certa. É preciso automatizar nossas fábricas para produzirmos dentro de processos mais sustentáveis, com menos perdas e geração de resíduos, maiores garantias de qualidade e valor agregado ao produto final.

A indústria têxtil e da moda está unida, dividindo aprendizado, buscando a troca de informações conjuntas, com garra para fortalecer a cadeia como um todo, a fim de tornar realidade também no Brasil este novo ciclo produtivo, a 4ª revolução industrial. O sonho está se materializando. Começamos a dar corpo a uma comunidade empresarial que pode construir na prática a fábrica do futuro. Para isso estamos unindo várias competências. Essa é a hora de repensar, reformular, adequar – e, por que não dizer, superar e surpreender – na descoberta de fontes, tecnologias e novas formas de atuar e produzir. É o futuro que começa a se transformar em presente; uma grande oportunidade para se desenhar o novo parque fabril brasileiro.

 

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