Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC)
Embora a economia já tenha dados sinais de que o período de recessão está próximo do fim, o que se espera para 2018, segundo dados do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), é que o saldo da balança comercial seja menor do que em 2017, alcançando um valor entre US$ 48 bilhões e US$ 52 bilhões. A explicação para tanto, segundo o Ibre-FGV, é que, embora se tenha registrado maior crescimento no nível da atividade econômica, há um menor crescimento nos preços das commodities. De qualquer modo, ainda é possível um saldo maior se ocorrer um desempenho mais favorável no volume de commodities e nas exportações de produtos manufaturados, associado ao aumento aguardado do comércio mundial em 2018.
Ainda segundo dados do Ibre-FGV, em termos de valor, as exportações cresceram 16% e as importações 14%, entre os meses de janeiro de 2017/2018, lideradas pelo aumento de preços: exportações, 11,8% e importações, 15,4%. O aumento nos volumes foi de 2% nas exportações e de 1,5% nas importações.
Constata-se, portanto, que o aumento nos preços exportados é comum ao fluxo das commodities e não commodities, ocorrendo o mesmo com as importações. É de se ressaltar que houve uma elevação de 40,1% nos preços das commodities. No caso do volume, as exportações de commodities caíram e as de não commodities aumentaram 14,4%. O que se espera é que o volume exportado das commodities, que vem sendo impulsionado especialmente pelo setor de carnes, cresç ;a com o início dos embarques de soja em grãos nos próximos meses.
Como as empresas procuraram, durante o tempo de recessão, alternativas para sobreviver, o que se prevê é que haja uma melhoria na venda para o exterior de produtos manufaturados, que são aqueles que apresentam maior valor agregado e geram empregos, movimentando o mercado com mais vigor. Segundo pesquisa recente da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp), essa recuperação tem se dado em função do crescimento da exportação de produtos minerais não metálicos, máquinas e equipamentos, produtos têxteis, veículos automotores e autopeças, artigos de vestu&a acute;rio e produtos alimentícios.
Por tudo isso, a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) vem apostando na retomada do crescimento econômico, principalmente porque o quadro econômico mundial mostra-se muito mais favorável. Afinal, os países desenvolvidos voltaram a crescer de forma consistente e os emergentes têm mantido taxas elevadas de crescimento, ainda que em nível inferior ao observado antes de 2007.
Portanto, os sinais positivos são muitos, apesar da instabilidade política deste ano eleitoral, que pode inviabilizar a agenda de reformas. Assim, o mais provável é que o biênio 2018/2019 venha a marcar a consolidação de um novo ciclo para a economia brasileira.