Quarta, 05 Fevereiro 2025
Uma fila com centenas de caminhões carregados com soja voltou a se formar ontem nas imediações do porto de Paranaguá, no Paraná. O superintendente do Porto de Paranaguá, Eduardo Requião, disse que vai apurar a responsabilidades sobre o congestionamento que começou a se formar durante o feriado de Carnaval no acesso ao porto. "Vamos averiguar como isso aconteceu e quem são os responsáveis".
 
Segundo Requião, a legislação prevê suspensão de cinco a 180 dias para as empresas que descumprirem as regras portuárias. A infração no caso seria o envio de caminhões sem nomeação para o embarque. Antigamente, tais veículos poderiam descarregar no porto público, mas com a mudança de regras ocorrida há dois anos apenas soja convencional pode ser colocada ali. E a maioria dos caminhões que está na fila carrega soja transgênica. "Há mais de dois anos não temos filas em Paranaguá. Mas agora estão tentando forçar a abertura do armazém público para a soja transgênica", afirma o superintendente. Requião afirma que a fila, ontem, foi de 400 caminhões. Operadores do porto falam em 700 veículos.

Enquanto isso, operadores e corretoras criticam a restrição para o embarque da soja, que consideram a principal responsável pelas filas. "A capacidade estática do porto é pequena e enquanto existe restrição para a soja transgênica, o silo público está com um espaço ocioso suficiente para 85 mil toneladas", comenta Maurício Xavier, diretor da Gransol, uma das empresas que operam no porto. Ele cita ainda a chuva como uma das razões da formação da fila. "Se parar de chover a fila acaba em 24 horas", avalia.

O analista Steve Cachia, da Cerealpar, diz que há uma preocupação quanto à volta das filas em Paranaguá. "O temor é de que haja uma ’’fuga’’ para outros portos", diz. A demora no embarque da soja aumenta os custos de transporte por conta das multas que são pagas a cada dia de espera.
Alguns caminhoneiros denunciaram que houve tentativa da polícia de retirá-los do pátio. A secretária do Sindicato dos Operadores Portuários disse que entraria em contato com o presidente para que ele respondesse às acusações, mas não houve novo contato.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás, Macel Caixeta, reclamou que a entidade não aceita que se jogue a culpa sobre os produtores. "É mais um absurdo que acontece no Brasil", afirmou. "O nosso papel é plantar e ajudar o País a crescer, quem exporta são as tradings e as multinacionais." Mas ele criticou a restrição para exportação dos produtos transgênicos. "Se o plantio está permitido no Brasil tem que ser escoado", argumentou.

O diretor da Federação da Agricultura de Mato Grosso, Valdir Correa da Silva, também foi enfático. "Por parte do produtor não há nenhum esquema, mesmo porque a primeira soja ele entrega para as tradings como pagamento de dívidas."
 
Fonte: Jornal do Comércio - 22 FEV 07
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