Sábado, 20 Abril 2024

texto originalmente publicado por Alan Gripp, na Folha de S. Paulo

Na teia de empresas criada com a chancela do banqueiro Daniel Dantas, uma delas desempenhava papel essencial no esquema de lavagem de dinheiro montado pelo grupo Opportunity, investiga a Polícia Federal. Por meio da Forpart S/A, dizem os investigadores, retornaram ao país parte dos recursos aplicados ilegalmente por brasileiros no Opportunity Fund, nas ilhas Cayman.

Até 2005, a empresa tinha como um dos sócios o Opportunity Fund, então dono de 66% das ações. E foi no período em que era capitalizada pelo fundo sediado no paraíso fiscal que a Forpart investiu pesado em ações de empresas de telefonia e energia recém-privatizadas, segundo levantamento da Folha na Bovespa. No fim dos anos 90, a Forpart ganhou fatias do sistema Telebrás. À época, fazia parte dos consórcios que arremataram Telet e Americel, que hoje representam a Claro no Rio Grande do Sul e no Norte e no Centro-Oeste, respectivamente.

A empresa também abocanhou a CEM (Centrais Elétricas da Mantiqueira), com sede em Belo Horizonte, e assumiu o controle do Esporte Clube Bahia -que, em 2003, foi rebaixado à segunda divisão do futebol brasileiro. Teve ações de gigantes como Telemig, Embratel e Brasil Telecom.

De 1998 a 2000, Daniel Dantas estava entre os administradores da Forpart, numa de suas raras aparições nos documentos de empresas do grupo. Desde aquele período, a empresa é comandada por sua irmã, Verônica. Ao lado dela, outros cinco investigados na Operação Satiagraha se revezaram no conselho de administração.

Desde que foi deflagrada a Satiagraha, o Opportunity nega acusações da PF de lavagem. Diz que brasileiros nunca aplicaram no fundo e que a lista do inquérito da operação é de investidores domésticos.

O mesmo vale para a Forpart, diz o banco. Segundo a assessoria do Opportunity, a empresa "cumpriu todas as demais obrigações perante o Banco Central e a CVM [Comissão de Valores Mobiliários, órgão que regula o mercado de capitais]" e atua legalmente.

No inquérito, a PF afirma que o esquema de lavagem de Dantas começou em 1997, quando o Opportunity passou a oferecer cotas do Opportunity Fund no Brasil. O fundo era isento de Imposto de Renda e, por isso, proibido de ter aplicações de residentes no Brasil.

À época, a CVM colheu provas materiais e testemunhais de que as cotas foram oferecidas no país e de que as aplicações eram movimentadas por funcionários do banco. Segundo a PF, ao se associar a empresas no Brasil, como a Forpart, o fundo repatriou recursos como se fossem investimentos estrangeiros. Aí ficaria configurado o crime de lavagem de dinheiro, diz a investigação.

Além da Forpart, a PF diz que outras "empresas prateleiras" cumpriam a função -sempre sob a batuta de pessoas ligadas a Dantas ou laranjas. Cita como exemplo a Argolis (vinculada à Telemar) e a Telepart (ligada à Amazônia Celular).

Segundo os registros na Bovespa, a Forpart é uma empresa sem quadro de funcionários e funciona no endereço da sede do banco, no Rio. Até 2005, o Opportunity Fund teve como sócio na Forpart o Opp I Fundo de Investimento em Ações, também do grupo Opportunity. Dantas, portanto, sempre teve o controle da empresa. A partir de 2005, o Opportunity Fund foi substituído pela International Markets Investments CV, com sede na Holanda, e pertencente ao grupo.

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